Estudar a relação entre a comida e o Ser é mais uma das formas de se olhar para as várias geografias existentes, afinal, a comida, enquanto parte da cultura, permite a conformação de espacialidades. A fim de entender essa relação antiga, mas sempre presente na história humana, o objetivo deste trabalho é discutir a importância dos doces tradicionais e do ato de cozinhar na conformação de afetos nos lugares onde ocorrem relações familiares. A metodologia utilizada para a construção desta pesquisa é de cunho qualitativo e alinha-se à perspectiva cultural/humanista da geografia dos afetos. A metodologia foi escolhida devido à necessidade de se trabalhar de forma mais ‘livre’ com o conceito de afeto e da conformação dos lugares através de memórias relacionadas à alimentação. A entrevista narrativa foi o instrumento de coleta de dados escolhidos para a busca das respostas ao objetivo de pesquisa. Como principais resultados, evidencia-se que é possível entender a conformação de lugares e afetos a partir do estudo da relação geográfica presente no trinômio comida x ser x espaço; demonstrando que a construção de certas espacialidades não depende somente de nossa relação corpo x espaço, mas também dos hábitos alimentares e afetos existentes nas vidas do Ser em seus lugares.