Este trabalho tem o objetivo de analisar o tratamento dado a normas e à variação linguística na coleção de livros didáticos Conexão e uso, aprovada no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) de 2020. Especificamente, objetiva-se investigar a) se os livros fazem distinção entre norma-padrão e norma culta; b) se os livros priorizam ou não a norma-padrão quando abordam questões de metalinguagem; c) se a norma culta é reconhecida como tal no que diz respeito a determinados tópicos gramaticais (regência verbal, colocação pronominal, uso do verbo ter com sentido de “existir” etc.). Este estudo parte dos conceitos básicos da Sociolinguística, a partir de Labov (2008), das noções de norma, norma-padrão e norma culta (FARACO, 2008) e da discussão quanto ao tratamento da variação linguística em livros didáticos (BAGNO, 2013). Metodologicamente, fez-se uma busca às seções Reflexão sobre a língua nos quatros volumes da coleção, a fim de identificar menções à norma-padrão e/ou à norma culta e verificar o tratamento dado às normas. Foram consultadas também as orientações dadas no Manual do Professor, com o intuito de verificar que reflexões linguísticas esses manuais propõem ao professor e ao aluno. Como resultado, observou-se que, apesar de a coleção distinguir conceitualmente norma-padrão e norma culta, na prática isso não é feito, mormente quando da abordagem de alguns tópicos gramaticais, como verbos transitivos indiretos na voz passiva, verbo ter com sentido de “existir”, colocação pronominal no Brasil e regência do verbo assistir. O que fica evidente então é a priorização da norma-padrão e o tratamento da norma culta como linguagem informal ou português coloquial.