A Economia Solidária (EcoSol) propõe o fortalecimento econômico, social e ambiental das comunidades, a partir da cooperação e da autogestão do trabalho coletivo, com base na premissa de que a formação de relações produtivas mais justas, sustentáveis e não hierarquizadas pode promover uma maior justiça socioambiental em contextos de maior vulnerabilidade. Fruto de uma conjuntura histórica de dominação, os espaços rurais brasileiros - particularmente, o semiárido brasileiro – foram objeto de políticas públicas pouco eficientes, dada a assimilação de valores culturalmente construídos conforme os padrões morais de supervalorização do urbano, o que foi responsável pela reprodução de relações excludentes em diversas conjunturas sociais, sobremaneira no âmbito rural. A formação de redes produtivas, como uma estratégia de fortalecimento comunitário coletivo, vem representando um recurso importante para a população rural, especialmente no semiárido potiguar, diante da edição de políticas públicas de estímulo à formação de grupos produtivos. Nesse sentido, entende-se relevante analisar em que medida a formação de redes sociais no semiárido brasileiro podem se reproduzir numa estratégia para uma maior justiça socioambiental nestes contextos? Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com coleta de dados via realização de entrevistas semiestruturadas, de natureza predominantemente qualitativa. Em sede de conclusão observa-se que os princípios de autogestão e do cooperativismo propagados pela EcoSol têm repercutido no fortalecimento de grupos produtivos do semiárido potiguar, o que contribui significativamente para ambientes de maior justiça socioambiental, mas é imprescindível a continuidade das políticas públicas de fortalecimento destes arranjos sociais para uma assessoria técnica capaz de consolidar destes grupos.