Em atendimento a disciplina de Biologia de Campo Aplicada ao Ensino e à necessidade da escola quanto a apresentar temas relacionados á orientação sexual, foi trabalhado a temática da assexualidade, tema ainda pouco trabalhado nas escolas e que muitas vezes passa despercebido pelos discentes, ora pela escola não dá abertura para ser falado em sala de aula, ora pela inexperiência dos docentes para falar sobre o conteúdo da forma adequada, interagindo de igual para igual com a turma, pensando nisso foi buscado uma aproximação do tema com a realidade dos alunos e contextualizando com as diversas disciplinas estudadas por eles, principalmente ciências, religião e história, já que esse conteúdo é visto de forma prioritária na disciplina de ciências, além de trazer um resgate histórico sobre as realidades vividas pelas pessoas quanto ao sentido das relações sexuais. Quanto a religião busca trabalhar os tabus que estão por trás muitas vezes dos preconceitos enraizados na sociedade. O trabalho teve como objetivo mensurar o nível de conhecimento dos discentes da educação básica sobre o assunto antes da conversação e repassar para eles um conteúdo maior acerca do mesmo, baseado no que eles sabiam e em suas dúvidas. A assexualidade é a condição onde o indivíduo não sente necessidade de relações sexuais, dentro da assexualidade existem algumas classificações e elas demonstram que algumas pessoas assexuadas podem se relacionar afetivamente, mas não sexualmente; em alguns casos, porém podem manter relações sexuais com seus parceiros(as), como os demissexuais que quando atraídos afetivamente por seu companheiro(a) se relacionar sexualmente. Segundo Bezerra (2015) a assexualidade não é vista como uma doença ou trauma, assim como também não tem influência com instituições religiosas ou culturais. Para Oliveira (2012) até o começo do século XXI a assexualidade era vista como uma doença com aspectos negativos, onde a pessoa sentia-se mal com essa situação, porém a partir desse século esse conceito foi revisto para o atual. Com o intuito de desmistificar os conceitos errados e buscar uma aceitação, a comunidade assexuada criou o AVEN (Asexual Visibility and Education Nework) até hoje a maior comunidade virtual de assexuais e incentivadora das demais. (OLIVEIRA, 2015). O presente trabalho trata-se de um relato de experiência, vivenciado pelos alunos do curso de Ciências Biológicas, com uma turma dos anos finais do ensino fundamental. Para realizar o trabalho os professores em formação utilizaram-se da conversação como estratégia didática para utilização na ação, que foi realizada com uma turma do 9° ano, da Escola de Ensino Fundamental Maria José Bezerra de Melo, do município de Crateús-CE, durante o mês de agosto do ano em curso. Inicialmente, os alunos foram instigados a fazerem questionamentos sobre a temática a partir dos pontos apontados, como conceito, causas, diferenciação entre a Hipossexualidade e assexualidade, curiosidades e preconceito. Antes e depois da conversação foi aplicado questionário a 14 estudantes, contendo cinco questões subjetivas, com objetivo de avaliar a eficiência da atividade proposta aos estudantes e sua aprendizagem do tema. Em geral, as perguntas se relacionavam ao conceito da assexualidade e ao conhecimento das orientações sexuais existentes e sobre a própria orientação do aluno. No pré-questionário avaliou-se que apenas 28% dos alunos dos que responderam tinha uma noção básica sobre o conceito de assexualidade Já no pós-questionário, notou-se que havia uma melhor elaboração dos conceitos, elevando esse índice para 71% dos alunos, o que pode demonstrar que eles compreenderam o assunto abordado. Durante o processo houve a contextualização da temática, propiciando os estudantes a refletirem questões como sua própria orientação, sobre o preconceito por enraizado quando se fala de diferentes orientações e os porquês culturais, sociais e religiosos, além de debater uma escala de preconceito. Ressalta-se que muitos dos alunos ainda estão se descobrindo sexualmente, sendo assim a abordagem poderia despertar neles um conhecimento interno, e como as perguntas dos discentes também se voltaram a outras orientações, muitos buscavam comparar as características com o que eles sentiam. Assim, é possível concluir que no começo do processo os discentes pouco sabiam sobre a assexualidade e sentiram-se um pouco envergonhados por causa do assunto abordado, contudo com o transcorrer da atividade, eles começaram se sentir mais à vontade, tendo a conversa fluido com maior leveza. Assim, refletindo sobre a prática, percebeu-se que a conversação aplicada como estratégia foi uma boa escolha já que facilitou para eles desenvolverem seus próprios conceitos concretos e reflexivos. Já para os alunos que aplicaram, o desenvolvimento do trabalho também foi importante, pois descobriram que havia uma gama enorme de conhecimento do quais eles ainda não sabiam. Para a escola foi uma alternativa para trabalhar o tema com naturalidade sem prender-se a tabus e permitindo aos alunos desconstruírem preconceitos, sendo avaliado pela professora responsável pela turma como um momento muito proveitoso para os estudantes. Referências BEZERRA, P. V. Avessos do excesso: a assexualidade. 2015. Tese (Doutorado em Psicologia) - Faculdade de Ciências e Letras de Assis - UNESP - Universidade Estadual Paulista. OLIVEIRA, Elisabete Regina Baptista. Assexualidade e medicalização na mídia televisiva norte-americana. Minorias Sexuais: direitos e preconceitos.1 ed. Brasília: Editora Consultex, 2012.