Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

A ESCOLA QUE ACREDITAMOS: EXPLORANDO OS DOMÍNIOS LINGUÍSTICO

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Portanto, nosso estudo anseia levar licenciandos, futuros docentes, à reflexão de como o livro didático deve ser um norte, mas não a única ferramenta e mais, a lhes instrumentalizar para que potencializem aquelas atividades que julguem pouco pertinentes e significativas tanto para o desenvolvimento da dimensão linguística-oral e artística-literária de seus alunos, quanto para sua formação humana. Tal estudo se justifica, pois as escolas-parceira/campo dos programas PIBID e Residência Pedagógica, do subprojeto Espanhol, da UFRRJ, estão inseridas em uma realidade sócio-econômica difícil, apresentam rendimento abaixo do desejado e alunos nem sempre motivados, uma vez que o conhecimento exigido raramente é significativo para suas vidas, tão pouco sua experiência de mundo é levada em conta, fatos estes recorrentes na maioria das escolas tanto públicas quanto privadas, de nosso Estado, e principalmente, da Baixada Fluminense. Pautado nessa realidade, nosso objetivo, como educadoras e coordenadoras de área/docentes orientadoras desses subprojetos, é tentar dirimir essa realidade, levando nossos licenciandos a perceberem e a concretizarem, em suas ações e em sua futura prática docente, a escola como lugar: (i) de construção de conhecimento e de transformação social, (ii) que foca no sujeito, (iii) na qual o conhecimento orientado seja verdadeiramente significativo, (iv) em que a vivência dos sujeitos seja o norte de seu planejamento, (v) em que haja um olhar para o outro e uma inter-relação entre as diferentes culturas, (vi) no qual as atividades propostas desenvolvam, de fato, as múltiplas operações cognitivas dos sujeitos,(vii) em que, durante o processo, o sujeito tome consciência de que operações cognitivas utilizou para consolidar seu conhecimento e, por fim, (viii) no qual, ao final do processo, tenhamos sujeitos ativos, éticos, letrados, críticos, conscientes de seu papel na sociedade. A fim de que concretizemos esse novo olhar para a escola e ponhamos em prática tais ações, é imprescindível que livremo-nos "dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito que são" (Pacheco, 2001, p.11), que compreendamos que "não passa de um grave equívoco a ideia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo" (Pacheco, 2014, p.13) e que, por fim, se ofereça aos alunos uma formação cuja base esteja solidificada segundo os aspectos humanísticos. De acordo com Pacheco (2012) a intencionalidade educativa que serve de referencial a essa escola que acreditamos, orienta-se no sentido da formação de pessoas e cidadãos cada vez mais cultos, autônomos, responsáveis, solidários e democraticamente comprometidos na construção de um destino coletivo e de um projeto de sociedade que potenciem a afirmação das mais nobres e elevadas qualidades de cada ser humano. Assim, coadunando as concepções do educador à prática educativa defendida por Hodges e Nobre (2012), solicitamos aos licenciandos dos subprojetos que analisassem criticamente um livro didático de Espanhol como LE aprovado pelo PNLD, no que concerne às práticas de compreensão e produção oral e às abordagens literárias. Nessa solicitação, analisaram os seguintes aspectos: (i) se as atividades propostas são pensadas em serem construídas, de fato, pelo sujeito-aprendiz; (ii) se os textos-base focam em temas de relevância para a vida do sujeito na sociedade; (iii) se apresentam textos de gêneros diversos, para que o aprendiz possa "ler" o mundo; (iv) se estão presentes diferentes variedades dialetais, para que se possa conhecer a cultura do outro e, futuramente, se estabelecer uma inter-relação entre eles; (v) se há diferentes operações cognitivas sendo exploradas nas atividades; (vi) se as atividades exploram as especificidades da oralidade e da literatura ou se seriam atividades de compreensão e produção escrita como foco central, usando ambas áreas apenas como pano de fundo. Em seguida, pedimos que escolhessem uma dentre todas as atividades propostas no livro didático analisado e que propusessem uma "nova roupagem" a esta, a partir dos pontos destacados anteriormente. Uma vez feita a análise crítica, nossos licenciandos destacaram que, embora o livro tenha sido aprovado pelo PNLD, peca nesses aspectos, principalmente, no que concerne à oralidade e à literatura e acreditam que isso se deva pelo fato de que, no edital de chamada do PNLD, o olhar destinado a essas áreas seja extremamente reduzido. Isto é, trata-se de um "olhar míope" e, portanto secundário para a oralidade e para a literatura, ao passo que para a produção leitora e escrita há um "olhar com lupa", ou seja, um espaço, de certo modo, privilegiado. Além disso, nossos licenciandos julgaram que com as intervenções feitas, a partir da prática que lhes foi apresentada, as atividades se tornaram mais significativas para a formação humanística do aluno, promovendo uma maior autonomia, pró-atividade, criticidade e conscientização de seu estar no mundo. Consideraram, ainda, que os conteúdos explorados se tornaram mais relevantes e pertinentes com sua vivência, passando a focar, efetivamente, nas especificidades daquelas linguagens. Almejamos, com esse estudo, fomentar a criatividade e a consciência dos licenciandos, futuros professores, para novas formas de explorar não só o livro didático, mas toda sua prática docente. Acreditamos que ao se lançar um olhar mais humano à educação, com conteúdos mais significativos e aplicáveis na vivência de seus sujeitos- aprendizes, colocando-os como centro da produção de seu conhecimento, construiremos uma escola com "corpo" e "alma" da sociedade atual. Uma escola que acompanha as mudanças tecnológicas, concretas e abstratas da sociedade, tornando-se um lugar acolhedor e com sentido de existir, atendendo, desse modo, as necessidades acadêmicas e humanísticas deste século. Referências Bibliográficas ALVES, Rubens. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas: Editora Papirus, 2001. HODGES, Luciana Dantas. NOBRE, Alena Pimentel. Processos cognitivos, metacognitivos e metalingüísticos na aquisição da leitura e escrita. In: Revista Teoria e prática da Educação. V.15, n.3, p. 7-21. Set/dez2012. ALONI, Nimrod. Educação Humanística. Disponível em: . Acesso em: 10/03/2018. PACHECO, José. Escola da Ponte. Formação e transformação da educação. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. PACHECO, José. PACHECO, Maria de Fátima. Avaliação da aprendizagem na escola da Ponte. Editora Wak: Rio de Janeiro, 2012. CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Ciência e cultura. São Paulo,v. 24, n. 9, p. 803-809, set. 1972. DOLZ, J. SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004. "
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Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

Resumo Fruto do trabalho desenvolvido pelos subprojetos "O ensino de Língua Portuguesa e Língua Espanhola: uma proposta intercultural crítica" (Pibid/Capes) e "Livros didáticos de Espanhol como LE na Educação Básica: análise crítica e propostas intervencionistas" (Residência Pedagógica/Capes), vinculados aos Cursos de Licenciatura em Letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, esta comunicação pretende, inicialmente, apresentar um estudo de análise crítica a respeito de como a compreensão e a produção oral e a abordagem dos textos literários hispânicos vêm sendo realizadas nas aulas de Espanhol como LE na Educação Básica e, posteriormente, apontar para o desenvolvimento de propostas de ações intervencionistas nesses dois campos da linguagem, de forma que a prática educativa esteja pautada em atividades pedagógicas que perpassem, igualmente, os domínios linguístico, social e cognitivo (Hodges e Nobre, 2012). Portanto, nosso estudo anseia levar licenciandos, futuros docentes, à reflexão de como o livro didático deve ser um norte, mas não a única ferramenta e mais, a lhes instrumentalizar para que potencializem aquelas atividades que julguem pouco pertinentes e significativas tanto para o desenvolvimento da dimensão linguística-oral e artística-literária de seus alunos, quanto para sua formação humana. Tal estudo se justifica, pois as escolas-parceira/campo dos programas PIBID e Residência Pedagógica, do subprojeto Espanhol, da UFRRJ, estão inseridas em uma realidade sócio-econômica difícil, apresentam rendimento abaixo do desejado e alunos nem sempre motivados, uma vez que o conhecimento exigido raramente é significativo para suas vidas, tão pouco sua experiência de mundo é levada em conta, fatos estes recorrentes na maioria das escolas tanto públicas quanto privadas, de nosso Estado, e principalmente, da Baixada Fluminense. Pautado nessa realidade, nosso objetivo, como educadoras e coordenadoras de área/docentes orientadoras desses subprojetos, é tentar dirimir essa realidade, levando nossos licenciandos a perceberem e a concretizarem, em suas ações e em sua futura prática docente, a escola como lugar: (i) de construção de conhecimento e de transformação social, (ii) que foca no sujeito, (iii) na qual o conhecimento orientado seja verdadeiramente significativo, (iv) em que a vivência dos sujeitos seja o norte de seu planejamento, (v) em que haja um olhar para o outro e uma inter-relação entre as diferentes culturas, (vi) no qual as atividades propostas desenvolvam, de fato, as múltiplas operações cognitivas dos sujeitos,(vii) em que, durante o processo, o sujeito tome consciência de que operações cognitivas utilizou para consolidar seu conhecimento e, por fim, (viii) no qual, ao final do processo, tenhamos sujeitos ativos, éticos, letrados, críticos, conscientes de seu papel na sociedade. A fim de que concretizemos esse novo olhar para a escola e ponhamos em prática tais ações, é imprescindível que livremo-nos "dos jeitos de ser que se sedimentaram em nós, e que nos levam a crer que as coisas têm de ser do jeito que são" (Pacheco, 2001, p.11), que compreendamos que "não passa de um grave equívoco a ideia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo" (Pacheco, 2014, p.13) e que, por fim, se ofereça aos alunos uma formação cuja base esteja solidificada segundo os aspectos humanísticos. 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