A INTRODUÇÃO DO ENSINO DE LIBRAS PARA AS CRIANÇAS DO BAIRRO JARDIM DAS OLIVEIRAS EM CAMOCIM-CE Antonio Acaian Oliveira de Sousa / acaian.sousah@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Amanda dos Reis Vasconcelos / amandapltg@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Leandro Breno Vasconcelos Furtuna / wheydja@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Luzimara Loly Pessoa Bessa / luzi.loly@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Simone Da Silva Ferreira / simonnysilva.100@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Vívian Régia Silva De Oliveira / vivianregia90@gmail.com / Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Eixo Temático: Educação, diversidade e Inclusão social - com ênfase na relação entre educação, as culturas populares e movimentos sociais. Resumo A proposta do projeto surgiu da necessidade de inserir a LIBRAS na comunidade utilizando-se das crianças, que regularmente frequentam o IFCE campus Camocim, como uma ponte para introduzir conhecimentos básicos dessa Língua, que mesmo sendo a Segunda Língua Brasileira oficializada por lei, ainda é pouco conhecida e utilizada pelos brasileiros. Tendo em vista que no campus há uma professora surda que leciona a disciplina de Libras para os cursos superiores e FIC's (cursos de formação inicial e continuada), foi perceptível a necessidade de apresentar o mundo da Língua de Sinais para as crianças que frequentam o campus. Essas crianças participam de projetos sociais desenvolvidos por servidores e alunos, onde as mesmas participam de oficinas de teatro, músicas e aprendem valores sociais. Nota-se que ensinar uma Segunda Língua para crianças é considerado mais produtivo e dinâmico, visto o interesse e a desenvoltura serem mais constante nessa faixa etária. As crianças não apresentam tanta vergonha e medo ao se expressar por meio das mãos e/ou expressões faciais que são fundamentais no entendimento dessa Língua. A relevância deste trabalho consiste em esclarecer a importância da comunicação não apenas entre os surdos, tido como o mais usual, mas também entre ouvintes e surdos, visando habituar a sociedade em geral, aos poucos, para o uso da LIBRAS. Ressalta-se que não há somente a professora no campus que utiliza a LIBRAS, na cidade Camocim há outros surdos, e a comunicação entre eles e ouvintes é infrequente. Observando a necessidade de inclusão, é indispensável que tenha um olhar voltado para a importância de levar esse conhecimento para as pessoas e trabalhar desde a infância. O problema reside na falta de conhecimento cultural e específico acerca do mundo surdo, uma vez que não é trabalhado nas escolas regulares, fazendo com que muitas pessoas tenham o contato com a Língua de Sinais apenas na vida adulta. A referência para elaboração do projeto em questão foi baseada na Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, na qual reconhece a Língua de Sinais própria da comunidade surda. As obras de Audrei Gesser também formaram a base da fundamentação do projeto, tendo em vista que a mesma define no livro "Que língua é essa" (2009), que a LIBRAS é uma língua viva, contendo gramática própria, morfologia, sintaxe, entre outros elementos que compõem uma Língua. Na obra "O ouvinte e a surdez: sobre ensinar e aprender a LIBRAS" (2012), a autora mantem um foco maior no ensino da LIBRAS para ouvintes, expondo no livro as experiências próprias que auxiliaram de forma benéfica na condução do projeto em pauta no livro. A pesquisa teve como objetivo geral introduzir o ensino básico da LIBRAS para as crianças que frequentam o IFCE campus Camocim, e que estão engajadas em outros projetos de extensão como o "Pescarias: navegando pelos mares dos saberes", projeto esse que abrange 25 crianças de 7 a 14 anos e trabalha diversas temáticas com as crianças da comunidade do Jardim das Oliveiras (Bairro onde se localiza o IFCE Campus Camocim). Diante disso, foi realizada uma reunião entre os integrantes da equipe e os atuais coordenadores do projeto citado, onde foi acordado um dia na semana, durante três semanas, para a aplicação do projeto com duração de duas horas por encontro. O trabalho priorizou apresentar de maneira lúdica o básico da cultura surda e alguns sinais com o intuito das crianças conseguirem se comunicar utilizando a Língua Brasileira de Sinais, tal como direcionar perguntas básicas, aprender o alfabeto, e alguns sinais complementares fundamentais para um diálogo simples, porém objetivo. Foi levado em conta o fato das crianças ainda não terem tido nenhum contato direto com a Língua de Sinais e/ou com surdos. E para não pressionar as crianças ou intimida-las, foi feita inicialmente uma roda de conversa e foram expostos conceitos fundamentais para o entendimento do real significado da surdez, objetivando desfazer as concepções antiquadas e incorretas sobre o surdo. No primeiro encontro foram apresentados o alfabeto manual, os números e as saudações. No segundo encontro, todo o assunto estudado na aula anterior foi revisado com o propósito de avaliar se as crianças haviam aprendido de fato os sinais e conceitos apresentados pela equipe. Com isso, foi constatado então que as crianças não haviam esquecido e que a vontade em aprender era constante. Depois, foi apresentado a elas os sinais que representavam comidas típicas e as cores mais comuns, sempre de maneira lúdica fazendo com que o aprendizado fluísse melhor e de uma forma divertida. Por fim, no terceiro e último encontro, foi revisado todo o assunto visto nas duas primeiras aulas e ensinado novos sinais, tais como: verbos e perguntas pessoais, assim como as respostas para as perguntas estudadas. Por exemplo: "qual a sua idade? qual o seu nome?", entre outras. Tais vocabulários foram apresentados com a intenção das crianças conseguirem se comunicar com uma pessoa surda (se algum dia chegassem a encontrar uma). Ao fim de cada encontro eram feitas competições lúdicas tendo como alvo o aprendizado e participação de todos. A última ação, foi servido um lanche para todos os envolvidos no projeto, como forma de finalizar e agradecer a participação mútua. Como o foco do projeto era a introdução do ensino de libras, nos encontros o objetivo foi atingindo. E além do ensino o público alvo terminou o projeto, com uma mentalidade totalmente diferente da que tinha ao início em relação a LIBRAS, nasceu nas crianças uma consciência mais humana a respeito do surdo e da cultura surda, proporcionado inclusive pela visita de uma surda, professora de LIBRAS do IFCE. Com isso, foi também notável o aprendizado das crianças, que concluiram o projeto sabendo fazer o alfabeto em LIBRAS, e também aptos a ter um diálogo simples com a professora surda do IFCE campus Camocim, na oportunidade a mesma se fez presente na finalização do projeto e conversou com as crianças por meio da Língua de Sinais. Palavras-chave: inclusão, Língua de Sinais, infância Referências BRASIL, Constituição Federal / Língua Brasileira de Sinais: LIBRAS e outras providências. Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002. Brasília: Senado Federal, 2002. GESSER, A. LIBRAS - Que língua é essa / 1° Ed. São Paulo: Editora Parábola, 2009. _________. O ouvinte e a surdez: sobre ensinar e aprender a LIBRAS. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. GOLDFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista / Márcia Goldfeld - 2° Ed - São Paulo: Plexus Editora, 2002. SKLIAR, C. A. Surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Editora Mediação, 1998.