A PROPOSTA ESCOLAR DE ANÍSIO TEIXEIRA PARA A INFÂNCIA ABANDONADA
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Consideramos de suma importância que os professores em formação possam conhecer o trabalho político, social e cultural desenvolvido por Anísio Teixeira para fomentar a educação brasileira. Em sua trajetória, lutou pela democracia e por uma educação democrática. Defendeu a escola pública, laica, gratuita e de qualidade no Brasil. Reforçava a necessidade do investimento financeiro e de políticas públicas que viabilizassem a todos os cidadãos o acesso à escola e ao conhecimento. Para tanto, realizamos este estudo bibliográfico que buscou, por meio da leitura dos textos produzidos pelo autor, disponibilizados na Biblioteca Virtual Anísio Teixeira, compreender sua concepção de educação e de escola para as crianças brasileiras, em especial às em situação de abandono. Recorremos também às contribuições de Clarice Nunes (2009; 2010) e Terezinha Éboli (2000) que nos auxiliaram no entendimento da proposta escolar. Os resultados desta pesquisa indicam que Anísio Teixeira pensou o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, popularmente conhecido como Escola-Parque, a partir da problemática do abandono, visando resolver esta situação social e oferecer uma escola pública de qualidade a todos os cidadãos. Ao estudar a questão do abandono percebeu que não estava restrito às crianças que viviam na rua, mas também as que estavam abandonadas dentro da própria casa e necessitavam de orientação, amparo e educação. O Centro Educacional Carneiro Ribeiro foi construído no Bairro da Liberdade, uma área com alto índice de vulnerabilidade social na cidade de Salvador. Inaugurado em 1951, fazia parte de um plano de edificações que previa a construção de nove centros de educação popular na capital baiana, mas somente um foi construído e funcionou de modo experimental. Anísio Teixeira propunha que aos alunos do Centro Educacional Carneiro Ribeiro fosse ofertado um dia integral de permanência no ambiente educacional, meio período na escola-classe e meio período na escola-parque. No projeto havia a previsão de construção de um espaço para que 5% dos meninos abandonados, ou considerados sem lar, residissem na escola. Considerando que o Centro atenderia quatro mil crianças em dois turnos, havia a previsão que duzentas crianças e adolescentes abandonados morassem na escola em internato. O atendimento integral a este público aconteceu ancorado nos pressupostos da escola progressiva. Os registros apontam que os alunos tinham intensas atividades organizadas em espaços planejados e adequados. 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