NESTE TRABALHO EXPLORAMOS UMA TEMÁTICA POUCO ABORDADA NA LITERATURA DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL; TRATA-SE DA RELAÇÃO ENTRE A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, TAMBÉM DENOMINADA AVALIAÇÃO INTERNA, E AS AVALIAÇÕES EXTERNAS. ISSO SE JUSTIFICA TANTO PELA PRESENÇA MARCANTE DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS NAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS NO BRASIL, COMO UM FENÔMENO MUNDIAL, QUANTO PELO POTENCIAL DESSA RELAÇÃO PARA A FORMAÇÃO DOCENTE EM AVALIAÇÃO EDUCACIONAL, CONSIDERANDO QUE ESSA FORMAÇÃO PRATICAMENTE NÃO EXISTE NOS CURSOS DE LICENCIATURA, CONFORME ALAVARSE (2013) E FREITAS (2019). INDAGAMOS SOBRE AS POSSIBILIDADES DE DIÁLOGO ENTRE A AVALIAÇÃO INTERNA COM UMA AVALIAÇÃO EXTERNA, ESTUDANDO A SITUAÇÃO NUMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL DE SÃO PAULO (EMEF), COM APROXIMADAMENTE 800 ALUNOS, DIANTE DA PROVA SÃO PAULO, A AVALIAÇÃO EXTERNA DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SÃO PAULO (RME-SP), DE 2018. FORAM CONSIDERADOS OS RESULTADOS DAS AVALIAÇÕES INTERNAS, SINTETIZADAS EM NOTAS – DE 0 A 10 – PARA ALUNOS DOS 4º AOS 9º ANOS, AO FINAL DO ANO LETIVO. ESSES RESULTADOS FORAM COTEJADOS COM AS PROFICIÊNCIAS NA PROVA SÃO PAULO EM LEITURA, MATEMÁTICA E CIÊNCIAS, NUMA ESCALA DE 0 A 500 PONTOS, DERIVADAS DE RESPOSTAS EM TESTES PADRONIZADOS COM ITENS DE MÚLTIPLA ESCOLHA, APLICADOS NO FINAL DE 2018 PARA TODOS OS ALUNOS. EMBORA CADA UMA DESSAS AVALIAÇÕES TENHA CARACTERÍSTICAS PECULIARES, O COTEJAMENTO DE SEUS RESULTADOS, PARA CADA ALUNO EM CADA COMPETÊNCIA, MEDIANTE A METODOLOGIA QUE DESENVOLVEMOS, NOS PERMITE PROBLEMATIZAR ALGUNS ASPECTOS, PARTICULARMENTE PELO FATO DE QUE A DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS EM FUNÇÃO DE SUAS NOTAS DEVERIA ASSUMIR UMA CORRELAÇÃO ELEVADA QUANDO CONTRASTADA COM OS RESULTADOS DA PROVA SÃO PAULO, DADA AS PROXIMIDADES ENTRE O CURRÍCULO PRESCRITO E AS MATRIZES DE REFERÊNCIA DOS TESTES. A PESQUISA ENVOLVEU, TAMBÉM, DISCENTES PARTICIPANTES DOS PROGRAMAS PIBID E RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA, NA PERSPECTIVA DE QUE PUDESSEM, DESDE A GRADUAÇÃO, APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL NA INTERAÇÃO COM A TEORIA E NA INTERLOCUÇÃO COM PROFISSIONAIS DA ESCOLA PÚBLICA. COM BASE EM AUTORES COMO ALAVARSE (2013), CRAHAY (2002 E 2009), GUSKEY, SWAN E JUNG (2011), NEVO (1998) E WELSH E D'AGOSTINO (2009), PROCURAMOS PROBLEMATIZAR OS RESULTADOS DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM CONDUZIDA POR PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL, SOBRETUDO, NO SENTIDO DA COMPOSIÇÃO DAS NOTAS ATRIBUÍDOS AO FINAL DO ANO, COMO SÍNTESE AVALIATIVA, NOS QUAIS HÁ INDÍCIOS DE QUE ASPECTOS NÃO COGNITIVOS, TAIS COMO COMPORTAMENTO, PARTICIPAÇÃO E REALIZAÇÃO DE TAREFAS, SERIAM CONSIDERADOS, COMO ENFATIZA SIQUEIRA (2020). DE UM LADO, ISSO DIFICULTA A UTILIZAÇÃO DESSAS SÍNTESES COMO APOIO PARA TOMADA DE DECISÕES SOBRE O TRANSCURSO ESTRITAMENTE FOCADO NAS APRENDIZAGENS. DE OUTRO, FAZ COM QUE ALUNOS COM GRANDE POTENCIAL, DEMONSTRADOS EM PROVAS PADRONIZADAS, NÃO RECEBAM INDICAÇÕES DE SEUS PROFESSORES A RESPEITO DE SEU POTENCIAL, COM POSSÍVEIS IMPACTOS, NEGATIVOS, EM SUA TRAJETÓRIA ESCOLAR. OUTRO TRATAMENTO DE DADOS RESULTOU NA ORGANIZAÇÃO DO DESEMPENHO DE TODOS OS ALUNOS, DOS 4º AOS 9º ANOS, COM SUAS PROFICIÊNCIAS EM LEITURA, MATEMÁTICA E CIÊNCIAS, DE TAL FORMA QUE SE CONSTITUI UM PAINEL COM A EVOLUÇÃO DESSAS PROFICIÊNCIAS AO LONGO DA ESCOLARIZAÇÃO PERMITINDO INTERROGAR COMO AS DIFERENÇAS NOS ANOS INICIAIS, SOBRE AS QUAIS A ESCOLA TEM MENOR INFLUÊNCIA, SE PROPAGAM COM O TEMPO, MESMO COM CONSIDERAÇÕES NO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA EM TORNO DA PERSPECTIVA DE ELIMINAÇÃO DAS DIFERENÇAS, INDICANDO QUE O TRABALHO PEDAGÓGICO NÃO ESTÁ, EFETIVAMENTE, INCIDINDO SOBRE AS APRENDIZAGENS. OS ACHADOS INDICAM QUE, SE PARA A MAIORIA DOS ALUNOS HÁ FORTE CORRESPONDÊNCIAS ENTRE OS RESULTADOS DOS DOIS TIPOS DE AVALIAÇÃO, HÁ DISCREPÂNCIAS QUE, SEGUNDO A LITERATURA SOBRE AVALIAÇÕES INTERNAS, PODEM DECORRER DOS CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS UTILIZADOS PELOS PROFESSORES. COM BASE NA CONCEPÇÃO DE PESQUISA-AÇÃO, APÓS DISCUSSÕES COM A EQUIPE DE GESTÃO PARA ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS, DESENVOLVEU-SE UMA REFLEXÃO COM OS PROFESSORES SOBRE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL E OS PROCEDIMENTOS PARA SUA REALIZAÇÃO, TANTO PARA FAVORECER O APRENDIZADO DOS PRÓPRIOS PROFESSORES, QUANTO DOS LICENCIANDOS, PRINCIPALMENTE, PARA QUE A AVALIAÇÃO POSSA SER EFETIVAMENTE COLOCADA A SERVIÇO DO SUCESSO DE TODOS OS ALUNOS. ESTE TRABALHO, É IMPORTANTE FRISAR, NÃO SE COLOCA NA PERSPECTIVA DE PROPOR A SUBSTITUIÇÃO DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM REALIZADA PELOS PROFESSORES POR PROVAS PADRONIZADAS, POR CONTA DE EVENTUAIS GANHOS EM VALIDADE E FIDEDIGNIDADE, INCLUSIVE POR OUTRAS DIFERENÇAS PSICOMÉTRICAS E PEDAGÓGICAS, MAS APONTA A NECESSIDADE DOS PROFESSORES UTILIZAREM OS RESULTADOS DE AVALIAÇÕES EXTERNAS COMO UM ELEMENTO PARA REFLETIREM SOBRE SUAS AVALIAÇÕES E, DAÍ, DISCUTIREM, EVENTUAIS, APERFEIÇOAMENTOS EM SUAS ATIVIDADES AVALIATIVAS, SOBRETUDO TENDO POR HORIZONTE A ELEVAÇÃO DOS PATAMARES DE APRENDIZAGENS EM COMPETÊNCIAS SIGNIFICATIVAS QUE, SE NÃO ESGOTAM O ESCOPO DE TRABALHO PEDAGÓGICO INTRÍNSECO À ESCOLA, REVELAM-SE COM ALTA DENSIDADE E RELEVÂNCIA NA ESCOLA E SOCIALMENTE. A AVALIAÇÃO AQUI PROPOSTA, TAMPOUCO, SUBSTITUI A AÇÃO DOCENTE COMO UMA DAS FONTES PRIMORDIAIS DA APRENDIZAGEM, MAS É VISLUMBRADA COMO UMA FONTE DE INFORMAÇÕES QUE DEVE SER VÁLIDA E FIDEDIGNA AO MÁXIMO. PARA A ESCOLA, A PESQUISA PROPORCIONOU UMA ORGANIZAÇÃO, TRATAMENTO E EXPOSIÇÃO DE SEUS DADOS. PODE-SE AVENTAR, AINDA, O POTENCIAL QUE ESSA PESQUISA TEM EM SE GENERALIZAR COM INDICAÇÕES PARA AVANÇOS NA FORMAÇÃO DOCENTE EM AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E NA GESTÃO ESCOLAR.
REFERÊNCIAS
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SIQUEIRA, VALÉRIA APARECIDA DE SOUZA. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE LEITURA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: TENSÕES, DESAFIOS, FORMAÇÃO E ALTERNATIVAS. RELATÓRIO (PÓS-DOUTORADO) – FACULDADE DE EDUCAÇÃO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. SÃO PAULO, 2020.
WELSH, MEGAN E.; D'AGOSTINO, JEROME. FOSTERING CONSISTENCY BETWEEN STANDARDS-BASED GRADES AND LARGE-SCALE ASSESSMENT RESULTS. IN: GUSKEY, THOMAS R. (ED.). PRACTICAL SOLUTIONS FOR SERIOUS PROBLEMS IN STANDARDS-BASED GRADING. THOUSAND OAKS, CA: CORWIN, 2009. P. 75-104.
PALAVRAS-CHAVE: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, AVALIAÇÃO EXTERNA, FORMAÇÃO DOCENTE.