O presente trabalho é um dos caminhos trilhados a partir do Programa de Residência Pedagógica em Sociologia e abarca a experiência vivida pelas autoras em uma escola da rede estadual de educação em Porto Alegre. Em maio de 2023, essa escola teve os fios de luz elétrica roubados e, em decorrência disso e da demora para realização de novas instalações, estudantes e professores enfrentaram cerca de um mês e meio de aulas sem energia elétrica. Para contornar a situação, foram estabelecidos períodos reduzidos no horário da tarde - já que a partir das 15 horas a luz solar não incidia mais sobre as salas de aula - e a utilização de tecnologias foi suspensa. Considerando essa situação, o objetivo do trabalho é produzir uma reflexão acerca da desigualdade social como fator que perpassa o campo escolar. Partindo de uma abordagem qualitativa, edificada a partir da observação participante e de uma revisão bibliográfica, é possível inferir que a escola é uma instituição atravessada pelas relações entre classes sociais. Para autores como Pierre Bourdieu, a escola é concebida como reprodutora e legitimadora das relações de dominação exercidas pelas classes dominantes. Não somente através da legitimação dos valores arbitrários do capital cultural das elites, mas também através do capital econômico. Nesse sentido, argumentamos que às classes populares são destinadas a escolas com investimentos ínfimos, quando comparados às escolas das elites, e isso tem relação com os mecanismos de descaso do Estado.