SILVA, Valdicley Eufrausino Da et al.. . CONEDU - Educação e Relações Étnico-Raciais (Vol. 02)... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/105981>. Acesso em: 22/12/2024 07:52
O Ensino Religioso possui uma longa trajetória no Cistema público educacional brasileiro. Apesar das transformações relacionadas a diversos fatores no final do século XX, persistem resquícios da sua identidade nociva ligada aos fundamentalismos religiosos. Essa perspectiva nociva, de cunho neocolonial e neoimperial, é perceptível na história da educação nacional enquanto lógica atualizada de subjugação não somente nas salas de aulas, mas também presente na formação dos/as docentes da área, que atualmente é promovida pela(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões). Assim como o ER, as CR carregam, ainda, marcas de uma ética religiosa, persistindo uma visão monorreligiosa, principalmente sobre os sistemas de crenças africanos e afrodiaspóricos. Apesar dos discursos que versam sobre pluralidade e/ou multiculturalidade religiosa, o que observamos são os apagamentos, assassinatos e silenciamentos das ancestralidades, seja em África, seja em diáspora ou em Abya Yala. Contrapondo essa lógica de racismos antinegros, questionamos se há possibilidades de despacho da visão/lógica neocolonial e neoimperial em prol de assentamentos epistemológicos traçados nas encruzilhadas dos saberes afroperspectivados enquanto prática de formação docente antirracista para o ER. A afroperspectiva emerge enquanto exercício de inflexão que busca a valorização das epistemologias, estratégias, sistemas, práticas e modos de pensar e viver de matrizes africanas e afrodiaspóricas, dando-lhes centralidade nas produções dos conhecimentos. Dito isto, o texto está disposto da seguinte maneira: discutimos a) as lacunas envolta da formação docente em ER a partir da suposta reviravolta em meados do século XX. Em seguida, apontamos b) a vinculação das CR com a formação para o ER no BR. Por fim, apresentamos c) a possibilidade de despacho da formação docente racista neocolonial e neoimperial por meio de uma formação antirracista afroperspectivada. A pesquisa, em andamento, aponta a afroperspectiva enquanto uma das alternativas necessárias para o abalo contínuo e transgressor na formação doutrinária em CR/ER.