Este artigo discute a questão dos papeis femininos representados pelas personagens Irene e Floripes na obra O vôo da guará vermelha, de Maria Valéria Rezende. Através de um estudo comparativista, à luz da crítica feminista, buscamos analisar a relação dicotômica que abarca os comportamentos das duas personagens diante do relacionamento conjugal. O espaço privado, ocupado pelas personagens, é um dado fundamental à análise, pois sugestiona uma reflexão sobre os anseios femininos diante da tradicional instituição casamento. Verificamos que Irene e Floripes assumem posições sociais antagônicas: uma é uma prostituta, a outra casada, porém o desejo e a busca pela felicidade - atrelados a ideia de um relacionamento- é algo recorrente em ambas. Com base no aporte teórico da crítica feminista, a interpretação buscou a materialização dicotômica dos conflitos ideológicos e identitários que constituem a representação das personagens citadas. Foi colocada em discussão a maneira como a construção das personagens vai de encontro com a representação tradicional feminina proposta pelos moldes da sociedade patriarcal. Constatou-se que no referido romance há uma incidência de quebra de expectativas em relação aos papeis- supostamente- destinados à mulher