Tendo como imanente a diferença, as vozes que constituem o discurso dos sujeitos, na atualidade, vinculam variados gestos de interpretação que tem gerado interrogações sobre a natureza das identidades emergentes no cenário social. O universo literário é o lugar de constituição das identidades homoafetivas, cuja a elaboração é perpassada pelas relações de poder, de resistência e de silenciamento. Partindo dessa constatação, nossa pesquisa teve como objetivo analisar de que forma a instituição do silêncio e da resistência funcionava como mecanismos de objeção à normatização da sexualidade na obra de Lygia Fagundes Telles. Para isso, nos respaldamos teoricamente nos estudos de Michel Foucault, Bullón(2008), Bruni(2006) , entre outros, por meio dos quais chegamos a constatação de que a construção da identidade sociossexual do sujeito lésbico é envolvida, como podemos depreender da leitura dos trechos analisados, pelo mito do silêncio e o da anormalidade que resulta na ideia de uma sexualidade desviante,que por transgredir do padrão heteronormativo de sexualidade é cerceado, marginalizado e silenciado no ambiente familiar, que reproduz as práticas de respeito, tolerância ou de alteridade em atuação no ambiente social mais amplo.