Os compromissos globais contra as mudanças climáticas, junto aos objetivos do desenvolvimento sustentável entrelaçam os vínculos entre ambiente e saúde. As consequências diretas da perda da biodiversidade e de alterações nos serviços dos ecossistemas ao redor do globo agravam fatores ambientais e espaciais que afetam o bem-estar. A busca em reverter essa degradação deve envolver mudanças políticas e institucionais regionais e globais expressivas. O presente artigo propõe uma discussão que permeia o planejamento urbano, em seu aspecto ambiental e humano, a partir do entendimento da importância da natureza para o ambiente urbano e para a vida. Propõe-se a compreender a influência do 'verde' no bem-estar e na saúde para uma abordagem proativa e salutogênica, ao invés de uma abordagem reativa e patogênica convencional. Como suporte conceitual, os estudos Evidence based design e biofilia mostram como as interações com o meio natural podem reduzir - o estresse, a irritabilidade, a fadiga mental, a pressão arterial e a agressividade -, além de promover resultados positivos no comportamento, autoestima e humor. Essa visão vem ganhando projeção pela linha da saúde urbana, e embora o estado de bem-estar não signifique necessariamente cura, a abordagem salutogênica visa atingir um estado de equilíbrio e harmonia, desde os elementos que compõem a paisagem, quanto aos múltiplos aspectos que constituem o ser humano. A essa abordagem denominamos Paisagem Salutogênica, em que estes e outros fatores convergem de forma a catalisar a arquitetura da paisagem como ator central na manutenção e melhoria da saúde pública em ambientes urbanos.