A intenção primeira de minha dedicação à redação de diários sempre foi a cura d´alma, a necessidade pungente de autoconhecimento e o esvanecer de conflitos íntimos. Mais, registrar, no tempo, a história de uma vida envolvida com outras vidas e com outras histórias, no seu tanto de melindres, de nuances sombrios, de luz de alegria; enfim, a vida, tal como é. O diário, enquanto categoria do gênero biográfico, tornou-se, historicamente, uma maneira possível de o indivíduo viver ou de acompanhar o movimento da vida pela narrativa subjetiva em que confia o papel de vestígio de conduta – sua maior utilidade. Escrever um diário é tornar possível o reencontro com elementos de um passado anotado ao qual é associada uma memória cujo rastro é legível e escape de fantasias e reconstruções da memória. Nesta ocasião, ofereço uma abordagem sobre o gênero com a intenção de discutir suas características de variação complexa, as motivações pessoais de autoria, as singularidades de aproximação entre o espaço de aprendizagem não escolar, o registro diarístico como escrita de mim para uma formação literária e docente profissional. A temática central, portanto, é o (auto)letramento profissional através da prática diarística. A contribuição desta publicação é levar o leitor a perceber que a trajetória de professores e escritores profissionais, não raro, tem como seu maior esteio a base intelectual expressivamente registrada e a autenticidade de um sem-número de páginas de diários.