Historicamente, a literatura voltada para os públicos infantil e juvenil foi ? e por vezes ainda é ? altamente marginalizada, sendo pensada como uma literatura “inferior”; concomitantemente, o hipergênero histórias em quadrinhos é, por muitos, desconsiderado enquanto leitura, sendo menosprezado de modo conservador. No entanto, a recepção das áreas da literatura tem mudado e sido ampliada ao longo dos anos ? fato que pode ser percebido através dos documentos que parametrizam as obras que chegam às escolas. Diante desse contexto histórico de superação de preconceitos, surge a necessidade, então, de explorar quais são as obras de histórias em quadrinhos selecionadas para o acervo do PNLD-Literário dos anos de 2020 e 2021. A partir disso, a presente pesquisa objetiva: a) avaliar a presença de obras canônicas nas HQs do PNLD-Literário; b) refletir sobre os possíveis critérios de seleção e abordagem do hipergênero no contexto educacional. Para contemplar os objetivos, a pesquisa está alicerçada teoricamente em Vergueiro e Santos (2015), Barbieri (2017) e Ramos (2020), e tem caráter metodológico quantitativo e documental. Por meio da seleção de corpus que contempla as obras apresentadas nas categorias 1, 2 e 3 dos ensinos fundamental e médio da educação básica, é desenvolvida uma categorização situada em Vergueiro e Ramos (2009) que consiste nos agrupamentos de biografias, adaptações ou romances gráficos. Conclui-se que predomina uma abordagem conservadora do cânone que opta pelas biografias e adaptações que trabalham a tradução do gênero narrativo verbal para a linguagem quadrinística multimodal. Os romances gráficos, produções originadas no respectivo gênero quadrinístico e que se apropriam amplamente das peculiaridades de tal linguagem e formato, ainda buscam, aos poucos, o próprio espaço dentro do documento.