Artigo Anais do EBI - Encontro Brasileiro de Ictiologia

ANAIS de Evento

ISBN: 978-65-5222-033-2

OCORRÊNCIA DE MICROPLÁSTICOS NA DIETA DE RAIAS DA ESEC MARACÁ JIPIOCA, AMAPÁ, AP, BRASIL

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Publicado em 12 de fevereiro de 2025

Resumo

A poluição dos oceanos por microplásticos (<5 mm) representa um grande problema ambiental de preocupação global. A ESEC Maracá Jipioca constitui uma ilha com aproximadamente 72000ha cercada por água salgada na costa norte do estado do Amapá, com uma alta ocorrência de elasmobrânquios. Com o objetivo de verificar a influência da poluição por microplásticos das águas do oceano na dieta das raias dessa reserva elas foram coletadas em março de 2020 na ESEC Maracá Jipioca numa praia denominada Jacau, na costa NE da ilha com o uso de malhadeira durante a maré vazante do dia. As raias foram fixadas e levadas ao Laboratório de ictiologia do IEPA, onde foram dissecadas. Os conteúdos estomacais foram analisados e todo o conteúdo presente nos estômagos e intestinos de cada indivíduo passaram por um processo de digestão química por KOH para o isolamento das partículas plásticas presentes. As soluções resultantes foram filtradas e analisadas em microscópio estereoscópico. Foram analisadas 18 raias das espécies, Fontitrygon geijskesi (1), Hypanus guttatus (7) e Styracura schmardae (10). As 3 espécies apresentaram a dieta baseada no consumo de crustáceos e apenas H. guttatus apresentou também 100% de ocorrência de peixes em sua dieta. Todos os indivíduos apresentaram contaminação por microplásticos. Foram encontradas 1139 partículas de microplásticos sendo 97% classificadas como fibras, além de uma pequena quantidade de pellet, fragmento, filme, espuma e glitter. A maior ocorrência aconteceu no estômago (56%), porém, a presença de uma menor quantidade no intestino indica a movimentação desse poluente pelo trato gastrointestinal desses peixes. As cores preta (51%) e azul (31%) foram as mais abundantes, além das cores vermelho, verde, rosa, laranja, cinza e amarelo. Os resultados indicam que apesar de se tratar de uma área protegida, as raias sofrem o efeito direto da contaminação por microplásticos que chega pelas águas do oceano.

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