O trabalho constitui-se em uma cartografia de experiências produzidas a partir das interações entre os agentes e com o pesquisador em campo, com o intuito de sinalizar uma multiplicidade de cenas antropológicas que operam em zonas de penumbra em um dark-room localizado no espaço de um cine erótico no centro da cidade de Fortaleza. Nosso exercício na tessitura desse texto é o de apontar pistas para algumas cartografias de experiências de regimes sensíveis visuais, sonoros, olfativos, táteis que se performatizam nas interações entre corpos e espaços. Assim, a pesquisa utiliza como dispositivo analítico a observação das cenas que emergem a partir da experiência enquanto estratégia de inserção no campo. A composição desses percursos, performatizados em cenas antropológicas, sinalizaria uma brecha entre lugares e classificações que se deslizam frente aos modos como a escuridão opera, em que corpos acionam outros regimes de insinuação e de auto-apresentação, desestabilizando nossos mapas representativos. Por isso, optamos em apresentar cenas de um dark-room, não necessariamente visuais ou figurativas, que se traduzem a partir da captação de registros imagéticos e sonoros e da própria observação (pois observar supõe participar) dos movimentos do espaço e dos agentes, resultando em um olhar sobre o lugar e as práticas que ele suscita, trazendo à cena a possibilidade de pensá-lo como trânsito, como território de encruzilhada.