O presente trabalho objetiva responder a inquietações, de estudantes de graduação em psicologia, sobre a presente dificuldade de adoção de crianças por casais homoafetivos. Neste artigo é apresentado o percurso realizado pelos autores para aproximação com o plano teórico e com a processualidade do campo-tema da pesquisa. Para visibilizar os (possíveis) campos de disputa no cenário das adoções por casais homoafetivos, utilizou-se do método cartográfico e das práticas discursivas e produção de sentidos. Os procedimentos basearam-se na livre aproximação com: produções científicas como artigos, livros, eventos acadêmicos; produções jornalísticas sobre o tema em circulação na mídia e nas redes sociais; participação de discussões com militantes do movimento LGBT do Estado de Alagoas e em atividades promovidas pelos mesmos. Os resultados e a discussão desenvolvem em três eixos: a instituição família; a heteronormatividade; e a adoção. Com relação a instituição família, contemporaneamente garante-se grande valor a centralidade na concepção tradicional de família, formada por pai, mãe e filhos(as). Concomitante, encontra-se uma pluralidade do ser família em expansão, com uma diversidade de configurações, sustentados a partir de novos referenciais, como a conjugalidade, a parentalidade e a afetividade. Os casais homoafetivos caracterizam-se como uma destas configurações familiares, legitimada majoritariamente pelo direito ao afeto e ao amor, sendo pouco defendida como direito social. A perpetuação das práticas heteronormativas no cotidiano da sociedade é algo latente. Porém há uma legitimação extensa de novas produções que não apenas desnaturalizam a heteronormatividade - denunciando seus regimes de controle e extração capitalística -, como afirmando uma multidão de diferenças sexuais que escapam aos regimes de regulação. Incidem-se discursos que sugerem dificuldades no desenvolvimento psicossocial de crianças adotadas por casais homoafetivos, apesar de estudos comparativos não confirmarem estas hipóteses. O tema apresenta produção acadêmica escassa e sem capacidade de modificar a perspectiva social atual sobre o assunto. Considera-se que na contemporaneidade os casais homoafetivos estão produzindo maior legitimidade social, constituindo-se família(s) a partir de ampla gama de variações parentais.