O presente artigo visa abordar questões de gênero que circulam entre os debates na contemporaneidade, elucidando, nesse contexto, o ser andrógino como um devir, o qual confere certa potência desestabilizante à sexualidade e à genitalidade, estes confundidos em um só conceito. Para tanto, faremos uma análise crítico-interpretativa da obra que pressupõe um narrador andrógino, sem nome, em Inscrito no Corpo, publicado em 1992, de Jeanette Winterson, a fim de tecer uma crítica aos binarismos sexuais. Por outro lado, as políticas do corpo serão discutidas sob a perspectiva da biolítica, do biopoder e da sexopolítica como estudos embasadores que tomam o corpo como espaço de ressignificação ao longo da história da humanidade, além de ser objeto dos dispositivos de poder que o monitoram. Vale salientar, também, que percorreremos as mutidões queer e a heterenormatividade como antagônicos no processo de assimilação de um modo de ser andrógino, este último bastante perceptível nas linhas imaginativas da inglesa Winterson. Por este viés, Faury (1995), Preciado (2014), Woolf (2014) (mas publicado originalmente em 1929), Foucault (1988), entre outros teóricos servirão como suporte para as relevantes elucubrações, diga-se novas linhas de fuga, em uma discussão que circunda a essência do trabalho e incita a reflexão.