SOUZA, Rejane De. A estética (neo) barroca que verte o sertão. Anais ABRALIC... Campina Grande: Realize Editora, 2012. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/1938>. Acesso em: 24/11/2024 17:47
A retomada do barroco no século XX ocorreu por parte de escritores e poetas latino-americanos, que visavam à construção do que se pode denominar um novo barroco. Estilo que se apropria de fórmulas anteriores, remodela-as, a fim de compor o seu discurso. Para isso, inaugura um novo sentido de estrutura já consolidada, como a poesia, a novela, o romance, transgredindo-as. Nessa reciclagem barroca, o ponto de contato entre o texto rosiano e a estética (neo) barroca encontra-se pulverizado, principalmente, no campo temático e processo de elaboração da linguagem que sinaliza para o processo de experimentação linguística e polifonia de vocábulos. Além disso, o escritor mineiro consegue recuperar temáticas clássicas do barroquismo através de novas vestes de feições contemporâneas no que trata o trabalho com a linguagem. Uma escritura que prima pela forma aberta, pelo fragmento, estrutura labiríntica e elíptica, fruto da exploração que Guimarães Rosa realiza através da criação de recursos gráficos e potencialidades plásticas que colaboram para um hermetismo próprio da estética barroca. O caráter de abertura é representado por um sistema estético pautado em uma linguagem paratática, de colagem, de suposição de imagens que gera a proliferação de significantes, que só deixam entrever parte do objeto, a totalidade permanece sempre envolta em neblinas. Uma linguagem que se curva em dobras e redobras barrocas em que o sentido está sempre à mercê dos enigmas da linguagem.