Esta proposta tem o intuito de abordar o conto “An Encounter”, inserido no livro “Dubliners”, do autor James Joyce (1914), sob a perspectiva do personagem e a relação do duplo, no que tange o envelhecimento e a configuração do espaço narrativo. Segundo Ariès (1981), o século XIX reflete a questão do sentimento da criança, como confuso aos adultos. Ademais, com a ascensão da Revolução Industrial, nota-se um redimensionamento da urbe. Em outras palavras, e trazendo a discussão para o conto em questão, o estado infantil do espaço cresce/amadurece de acordo com a percepção de Joe Dillon, uma criança e testemunha ocular da cidade de Dublin. Ao abordar a ótica de uma criança, imersa em uma cidade em crescimento e transformações, percebe-se que o espaço narrativo é filtrado por este olhar do universo infantil. Aliado a isso, observa-se que o próprio desenvolvimento psicológico da personagem em questão, Joe Dillon, é posto em xeque, principalmente quando se estabelece o contraste da visão de um velho, em diálogo com a criança. Propõe-se, nesta análise, que esta relação entre o menino e o velho se dá através da constituição do duplo, ou seja, uma interface especular que refrata/reflete o espaço narrado. Por fim, espera-se mostrar que a(s) representação(s) de infância presente(s) no conto depende(m) de vetores externos ao universo ficcional, tais como aspectos sociohistóricos, culturais e psicológicos que interagem entre si e compõem o enredo.