COSTA, Ivandilson. Discurso, poder e letramento crítico para a mídia. Anais IV SINALGE... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/27313>. Acesso em: 25/11/2024 02:24
Este trabalho visa a um exame de elementos vinculados a textos jornalísticos, com o fim principal de construir reflexões para a construção de um letramento crítico da mídia. Street (2014) advoga em favor de uma concepção de letramento como uma prática social e ideológica. Este autor, ao ancorar as bases do letramento em uma dimensão mais ampla, como uma prática social e numa perspectiva transcultural, abandona uma visão de letramento como uma habilidade “neutra”, uma técnica, encaminhando sua definição para algo como “uma prática ideológica, envolvida em relações de poder e incrustada em significados e práticas culturais específicos”. Fairclough (1995) já propõe um quadro nesse sentido, ao questionar como os textos midiáticos são produzidos e de que modo são interpretados e consumidos, bem como de que processos socioculturais mais amplos fazem parte. Como teoria de base, tomamos os princípios operacionais da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1995; 2001 [1992]; 2003; 2006; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; RAMALHO; RESENDE, 2011), além de outros aportes transversais, como as teorias de multimodalidade discursiva (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006; JEWITT, 2009; O’HALLORAN, 2011) e do tratamento específico da mídia (THOMPSON, 1998; CHAUI, 2006; HERNANDES, 2012; MORAES, 2006; 2013). Metodologicamente, a investigação se ampara em uma concepção qualitativa de caráter interpretativista e documental. Como delimitação, apresentaremos uma abordagem do gênero discursivo ‘capa de revista de informação’. A análise aponta para uma necessidade premente de se estudar, em sala de aula, como se caracteriza estrutural e funcionalmente produtos da mídia, visando levar em conta caracteres como ideologia, argumentação/persuasão, relações sociais de poder. É possível ancorar, diante dessa perspectiva, o objeto de nossa análise como situado em um conjunto de práticas sociais que se encontram no campo das práticas midiáticas, sua presença e seu papel na constituição da vida social. É factual, portanto, que, do ponto de vista de sua produção, quando nos reportamos a conglomerados de mídia, estamos diante de centros de poder. Primeiramente de poder econômico – empresas privadas transmitem e vendem mercadorias – e, em segundo lugar, centros de poder político, de controle social e cultural.