A microcefalia é caracterizada pelo desenvolvimento anormal do cérebro e o perímetro cefálico (PC) inferior ao padrão das curvas adequadas para idade e sexo do recém-nascido. Em vista da alteração do padrão de ocorrência de microcefalia no Brasil e o reconhecimento da relação dela com a infecção causada pelo vírus da zika (ZIKV), o Ministério da Saúde em 11 de novembro de 2015 estabeleceu que o país encontrava-se em situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN). Nesse cenário de ascensão de casos de microcefalia no Brasil, faz-se necessário que os profissionais tenham acesso aos dados da situação epidemiológica dessa condição no país de forma que possam conhecer e analisar criticamente os dados e a partir de então planejar ações em saúde frente à realidade existente. O estudo teve como objetivo analisar a situação epidemiológica da microcefalia no Brasil entre Novembro de 2015 e Dezembro de 2016. Os dados analisados foram extraídos do informe epidemiológico nº 57 de monitoramento dos casos de microcefalia no Brasil que dispõe da distribuição dos casos de microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central (SNC) entre 08 de novembro de 2015 e 31 de dezembro de 2016 retirados diretamente do Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP-Microcefalia). No Brasil, durante esse período foram notificados 10.867 casos de microcefalia e/ou alterações do SNC sugestivos de infecção congênita. Desses, 3.183 (29,3%) casos permaneciam em investigação, 2.366 foram confirmados, 49 foram classificados como prováveis e 5.269 descartados. A região Nordeste apresentou a maior proporção de casos notificados (7.023) e confirmados (1.804) do país e os Estados de Pernambuco, Bahia e Paraíba se destacaram por terem apresentado a maior quantidade desses casos em seus territórios. Essa região apresentou também o maior número de municípios (1.047) com esses casos e Pernambuco teve o maior número de óbitos fetais ou neonatais notificados no país, cerca de 109 casos. Sabendo-se que essas condições clínicas não possuem tratamento específico e que trazem impactos para a vida das crianças acometidas, de suas famílias e para os serviços de saúde, é preciso que sejam desenvolvidos estudos mais aprofundados sobre as causas da microcefalia e/ou alterações no SNC e as medidas adequadas a serem adotadas para prevenção e controle desse novo cenário no país. Além disso, é importante que os profissionais de saúde disponham desses dados para que possam realizar análise crítica dos mesmos de forma que isso possa contribuir para seu crescimento profissional e para o desenvolvimento de estratégias em saúde em benefício próprio, do sistema de saúde e da população.