O presente trabalho est? centrado na investiga??o da(s) diversas formas de viol?ncia(s) que est?o presentes na escrita de autoria feminina afrobrasileira, a partir de ?rsula (1859), de Maria Firmina dos Reis e Casa de alvenaria (1961), de Carolina Maria de Jesus. Apesar da diferen?a cronol?gica entre o romance de Maria Firmina dos Reis e o di?rio de Carolina Maria de Jesus, destacamos a proximidade entre ambos, primeiro por que s?o narrativas autoria feminina afrobrasileira, e segundo, porque as duas narrativas reencenam discursivamente diversas formas de viol?ncia racial e de g?nero. Os ecos de uma tradi??o brasileira escravocata e patriarcal est?o presentes nas duas obras. Em ?rsula, de Maria Firmina dos Reis, a magnitude do romance se deve ao fato de ser a primeira narrativa abolicionista publicada no Brasil. Nele, Maria Firmina dos Reis faz da escrita liter?ria o palco de voz dos antepassados, no qual os pr?prios sujeitos escravizados retratam, sob seus pr?prios pontos de vista, a quest?o da escravid?o. Em Casa de Alvenaria, Carolina Maria de Jesus retrata a sua pr?pria condi??o de mulher negra e ex- favelada, marcada profundamente pela mis?ria absoluta e pela luta da sobreviv?ncia. Tendo em vista esses aspectos, analisaremos o corpus a partir da quest?o do narrador. Em ?rsula, pela primeira vez na Hist?ria da Literatura Brasileira, temos uma narradora negra e escravizada, ?m?e Susana?. Em Casa de Alvenaria, Carolina Maria de Jesus realiza o pacto autobiogr?fico ? autora, narradora e personagem.