PIN, Adriana. Literatura no ensino médio: recepção e dialogismo. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4140>. Acesso em: 24/11/2024 22:23
Passados os três anos de estudo de Literatura, o aluno deixa o Ensino Médio sem ter desenvolvido as habilidades esperadas, como: análise e interpretação de textos literários; construção de hipóteses coerentes; percepção dos recursos estilísticos e da linguagem característica da obra; inferências a partir da leitura desses textos; relação entre forma e conteúdo; relação entre aspectos textuais e extratextuais (texto e contexto); diálogo do texto lido com outros textos; observação dos códigos verbais e não-verbais presentes na obra, entre outros. Diante desse quadro, a pergunta: “Quais são as causas dessa situação?” Alguns autores, os quais fundamentam este estudo, apontam algumas, como o fato de, no ensino de Literatura, o texto não ser tomado como centro, mas sim como objeto apenas figurativo, à margem. Nota-se a limitação do discurso didático do ensino de Literatura, produzido pelo professor, pelo livro didático, pelos programas universitários, pela historiografia, pelos vestibulares e por alguns sites, por exemplo. Com isso, o estudo de Literatura, no Ensino Médio, assume uma condição cronológica, segmentando-se em períodos literários, sendo trabalhados, geralmente, sem conexão. Muitos professores encontram dificuldades em trabalhar os períodos mais antigos, cujas obras, não só da Literatura Brasileira, como portuguesa em geral contêm uma linguagem arcaica, distante do contexto atual dos jovens que as estudam. O professor, então, vê-se num dilema: “O que fazer?” O conteúdo precisa ser trabalhado, afinal faz parte do currículo, do programa de ensino da escola, além de ser cobrado no vestibular e em outros concursos. E, ainda, para desespero de alguns professores, esses jovens que recusam uma obra do Romantismo português ou do Realismo brasileiro, por suas linguagens de “difícil entendimento”, leem com avidez as “longas” (mas entusiasmantes) histórias dos best-sellers e similares, por exemplo, Harry Potter, Código da Vinci, a saga Lua Nova, obras de Paulo Coelho... Por conseguinte, o objetivo geral deste trabalho é refletir acerca do ensino de Literatura no Ensino Médio, numa perspectiva interacionista, a qual oriente a abordagem do texto literário, dialogicamente, considerando os aspectos intra e extratextuais. Como metodologia, será utilizada uma bibliografia especializada no problema apresentado, delineando-o melhor e analisando as possibilidades de ressignificação do estudo de Literatura, de forma que este faça sentido para o aluno. Acredita-se que a abordagem do texto literário de acordo com uma concepção interacionista, em que o aluno seja sujeito das aulas, dialogando o texto literário com outros textos, possa consistir num processo mais eficaz quanto ao desenvolvimento do componente curricular “Literatura”, no Ensino Médio. Nesse diálogo, o aluno tem a oportunidade de socializar seu mundo e conhecer outros. Um diálogo aberto, construído com interação de alunos, professores, textos e contextos. Portanto, o estudo sistematizado de Literatura, no Ensino Médio, requer aulas que não se esgotem nas lacunas da periodicidade literária, tampouco na linguagem distante de alguns textos, mas que se tornem vivas no diálogo com outros textos, mais próximos dos alunos, os quais diminuam a distância destes com algumas obras, tão importantes para a cultura e memória do povo.