Partindo do estudo fenomenologia, o objetivo principal desta comunicação é evidenciar sentidos e sentimentos que podem envolver o ser humano, quando ele assiste a um filme. A fenomenologia de Heidegger, Sartre e outros é, no nosso ponto de vista, a grande expressão de liberdade humana a favor do intelectualismo, reagindo contra o anti-humanismo e o materialismo. Na visão fenomenológica do intelectualismo não se pode conceber ser livre apenas em alguns momentos, também não é concebível uma graduação da liberdade, como ser um pouco mais ou um pouco menos livre. A liberdade precisa ser total. Então, para se admitir a liberdade, que só pode ser integral, nada exterior pode conduzir completamente as nossas ações, ou nos compelir a uma única direção. Se tivéssemos as nossas escolhas embasadas apenas em influências advindas do mundo, teríamos que admitir que elas não seriam escolhas. Segundo Andrew (2002), a fenomenologia nos deixou uma rica base psicológica a partir da qual se desenvolveram teorias voltadas para a psicologia, a arte, a música e a literatura, durante a década de 1950. Contudo, durante esse período o estudo voltado para o cinema raramente esteve junto com as disciplinas mais tradicionais e os processos de exploração de uma teoria fenomenológica do cinema nunca foram devidamente encaminhados. Como resultado dessa reflexão, podemos falar do filme como um exercício fenomenológico em dois níveis. O primeiro é o nível da tela, que é realizado pelos profissionais que produzem o filme e é composto de uma maneira específica. O cineasta imagina um mundo e o torna digerível para o público. Faz todos os juízos e afirmações sobre a realidade, modificando esse mundo, no qual os espectadores podem rir ou chorar. É fundamental o papel do diretor como alguém que se torna diáfano, o escritor como alguém que se constrói nocional e ator que nos faz ver que o que acreditamos ser ficção pode ser tão real quanto o que consideramos real. O outro nível é aquele que detém o público. O mundo que existe fora do cinema é colocado entre parênteses e a consciência se rende à intenção fílmica. Concluindo, entendemos que o espectador deixa o filme tomá-lo como quando um adulto toma a mão de uma criança. O acesso à fantasia o faz esquecer que os mortos-vivos não existem ou é que impossível viajar à velocidade da luz. Porém, para o espetáculo que ele vive nesse momento, traz de fora os significados e não abandona completamente o mundo. Os problemas pessoais e as teorias da física sobre a luz, que aprendeu na escola, estão presentes, e essas são as condições que possibilitam o acesso ao significado. Os impulsos idiossincráticos marcam a significação daquilo que é mostrado no filme e o espectador consciente pode apreciar novos mundos com um frescor e uma força incríveis.