A questão inicial desta pesquisa foi “por que as pessoas se casam?”, especificando, cheguei ao questionamento de “por que as pessoas se casam dentro de um modelo de ritual demonstrado pelo mercado de casamentos?”, o que levou à pergunta “o que justifica o alto gasto neste dia único?”. Uma possibilidade de resposta foi através da exploração de “imaginários” compartilhados, entendidos como percepções sociais, formas de ver o mundo a partir de sentimentos, vivências e memórias. Historicamente o ritual do casamento envolve, para além das questões de consumo, relações de gênero. Há a construção social de que “toda mulher deveria ter que desejar se casar”, assim como “todo homem deveria fugir deste compromisso”, são dois estereótipos para uma mesma lógica de dominação heteronormativa que os opera, ambos precisam ser rompidos. Os potenciais de submissão e de empoderamento feminino estão em uma linha tênue, sempre negociada na instituição casamento. Busco complexificar uma concepção de “princesa” associada à imagem de “noiva” geralmente percebida sob os signos do romantismo, passividade e ingenuidade, mostrando sentidos diversos de feminilidade e a pluralidade de experiências.
É consensual o entendimento de que o direito às vivências conjugal e parental não pode ser compreendido como monopólio das pessoas heterossexuais? Não há fundamento ético que justifique a definição da família como instituição restrita ao universo da diferença sexual. Judith Butler, em “O parentesco é sempre tido como heterossexual?”, afirma que o casamento confere estatuto legal à forma família, mas questiona esta legitimação pelo Estado e homossexualidade "legitimada".