MELO, José Eduardo Martins De Barros. Cida pedrosa: a poesia que se vê. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4371>. Acesso em: 24/11/2024 21:32
A questão do espaço atravessa na atualidade as fronteiras do olhar da tradição e caminha por rumos diversos. Perceber e estudar estes rumos é tarefa inadiável ao investigador da contemporaneidade, seja no campo das artes ou do comportamento social como um todo. Este projeto de pesquisa é consequência dos estudos que desenvolvemos sobre a poesia de Cida Pedrosa, escritora nordestina que participou ativamente do Movimento dos Escritores Independentes de Pernambuco em 1980 e que segue como referência da escritura da mulher na literatura pernambucana nos dias de hoje. Nosso objetivo, a partir de referenciais teóricos levantados nas obras de Merleau Ponty, Gaston Bacherlard e Maurice Blanchot, é revelar como sua linguagem é um construto de emoções espacializadas a formar o verdadeiro cenário íntimo do eu a partir de um olhar observador, que recorta da exterioridade o universo imagético da arte, atua como stilus que grava na rocha seu desenho e demarca os limites de múltiplas paisagens imbricadas para emoldurar o ser. Uma poesia de marcações visuais, que se apresenta ao leitor como invariante de uma nova perspectiva da voz feminina diante do universo caótico que nos rodeia, numa sucessão de quadros capazes de atrair pela beleza plástica dos versos que são construídos com a força do fazer literário do nosso tempo e de nossa paisagem íntima, como demonstraremos nas leituras de seus poemas publicados no Gume, cujo processo de composição surge pelo desdobramento geométrico das quatro partes de que se constitui e que se relacionam plasticamente aos cinco livros anteriores da autora, armados como uma tela projetada em processo de disjunção e conjunção de quadros desmembrados dos primeiros recortes, os livros Restos do fim, O Cavaleiro da epifania, Cântaro, As filhas de Lilith e Miúdos, que formam uma síntese da paisagem íntima do ser de que se compõe a sua poesia do olhar.