LIMA, Laís Rocha De et al.. A educação da forma - viagem. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4394>. Acesso em: 24/11/2024 19:30
Escritor consagrado na literatura brasileira, Graciliano Ramos compôs sua obra tendo como essência a rara característica de impulsionar a narrativa por suas análises da sociedade, aliando a isso o momento histórico pelo qual se passava no momento da produção literária. Sua última obra, Viagem, publicada após o seu falecimento em 1953, revela os fascínios da experiência em conhecer a nova realidade de sistema organizacional implantado na União Soviética e a descoberta das distorções da propaganda anticomunista realizadas pelos ocidentais capitalistas, que compreendiam o socialismo como ameaça ao regime cá imposto. Neste trabalho, espera-se traçar impressões, convergindo livro e biografia, sobre a importância do caráter de relato da obra de teor marxista que, sem recorrer ao panfletarismo político, fornece-nos um panorama da URSS por um olhar apurado, bem como da influência dessa ideologia na escrita do autor. Compreendendo o termo que define Graça como ‘autor-ator’, considera-se o diário Viagem a conclusão do desenvolvimento do marxismo em seu estilo. Adepto da corrente comunista no Brasil, atacada ferozmente ainda durante o Estado Novo - período de sua prisão e consequente adesão ao partido -, ele se declarou avesso à literatura panfletária, cuja versão soviética mostrava-se através do simplório realismo socialista. Essa atitude suscitava dúvidas sobre seu real envolvimento com o socialismo, pois tanto os eufóricos pelo partido no Brasil quanto os camaradas que guiavam seu percurso na excursão pela União Soviética temiam a visão sóbria de Graciliano. Esse discernimento entre literatura e política, que permite unir ideologia ao estilo, é o que lhe garantiu tamanhos destaque e respeito na literatura mundial.