SCHEFFEL, Marcos Vinícius. Lima barreto: o flâneur engajado. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4435>. Acesso em: 24/11/2024 21:03
As relações de Lima Barreto com o campo literário de seu tempo são das mais controversas possíveis. Tendo produzido sua obra nas duas primeiras décadas do século XX, Lima Barreto teve cunhada para si, entre seus contemporâneos e gerações de críticos de diferentes épocas, a imagem do autor maldito em oposição a um campo literário seduzido pelos discursos de modernidade vindos da Europa. Essa disparidade entre o pensamento do autor e um campo literário hegemônico deve ser vista com certo cuidado, pois Lima Barreto está longe de poder ser considerado um nacionalista, tendo declarado inúmeras vezes que esse sentimento lhe aborrecia, e a fascinação pelo velho mundo, típica de seus contemporâneos, também atingira sua obra. Na tentativa de entender os impasses e soluções do autor na relação com os elementos cosmopolitas, proponho a discussão em torno do tema da flânerie. Partindo desse elemento (o flâneur), que garantiu o prestígio de João do Rio em A alma encantadora das ruas, pretendo compreender como as estratégias do flâneur são assimiladas e, em última instância, repotencializadas por Lima Barreto a serviço de seu projeto de literatura engajada numa chave local.