Mesmo as mulheres produzindo competentemente literatura no Brasil, tanto quanto aos homens consagrados pelo cânone da autoria, a tradição historicamente fundamentada na figura masculina como o criador, acaba por silenciar a autoria feminina relegando a ela espaços secundários. Diante desse contexto da mulher na literatura, ligada diretamente ao construto conservador patriarcal, é que escolhemos como foco da presente investigação a escritora gaúcha Rita Barém de Melo (1840 – 1868). Assim, a partir desta analise, objetivamos tecer algumas considerações sobre a voz e autoria feminina na literatura de Rita Barém de Melo. Apesar da riqueza poética de seus poemas, presente pelas diferentes temáticas abordadas, pelas construções poéticas em rimas, tons e imagens, nos ocuparemos em analisar mais especificamente dois de seus poemas, a saber: “Sina de Mulher” e “O canto da Índia”. Quanto ao primeiro poema, indicaremos como a escritora constrói poesia numa perspectiva feminina, com o olhar e a voz da mulher sobre o que significa ser mulher; quanto ao segundo, pretendemos analisar e mostrar a especificidade da voz feminina ao exaltar a figura masculina, mostrando, deste modo, que essa literatura supera concepções minimalistas que representam a autoria feminina centrada no “confessional” e no “intimista”. É possível perceber que a literatura produzida por mulheres apresenta e carrega identidade, traduz a visão da mulher sobre a realidade. Com isso, não estamos promovendo segregação entre o que é literatura feminina e literatura masculina, mas buscando reconhecer a identidade feminina como marca relevante desse fazer artístico, através dessa analise os alunos ampliaram a sua visão acerca da representatividade de autoras como Rita Barém de Melo na literatura.