Os livros infantis, comumente, constituem-se a partir de uma articulação entre dois elementos: o texto escrito e a imagem visual, ambos determinantes na construção dos sentidos das narrativas. . Partimos da definição de livro ilustrado ou livro com imagem como o livro que apresenta imagens seqüenciadas que estabelecem sentidos em sua relação com o texto e a apresentação de personagens a partir de determinada situação em que estão presentes a dimensão temporal e espacial. Discutiremos inicialmente o percurso histórico das definições sobre o livro infantil ilustrado e suas particularidades de construção, posteriormente, desenvolveremos considerações sobre Lá e Aqui (2015) de Carolyna Moreyra, ilustrado por Odilon Moraes e O reino partido ao meio (2016) de Rosa Amanda Strausz, ilustrado por Natalia Colombo. Nos dois enredos o tema proposto é o processo de separação de um casal. Entre imagens de páginas duplas, sem margens e sem fundo, as histórias se estabelecem através de jogos metonímicos e metafóricos de apresentação dos elementos gráficos que compõem o ritmo narrativo. Podemos dizer que o espaço gráfico e narrativo são usados de forma estratégica e um jogo de significados diferente organiza as soluções visuais e a narrativa. Para embasar nossa discussão, utilizaremos as definições de Ramos (2013) sobre imagem e livro infantil, Oliveira (2008) sobre as técnicas para ilustrar obras para crianças, Girotto e Souza (2010) sobre estratégias de leitura e Dondis (2017) acerca da sintaxe visual e suas peculiaridades.