A literatura Africana é alvo de diversos estudos e muitos pesquisadores dedicam-se sobre suas obras, as quais, em sua maioria apresentam questões relacionadas ao racismo, preconceito, colonização e etc. Assim, foi no contexto social e político de colonização portuguesa sofrida pelos negros, ocorrida em Moçambique que o autor Luís Bernardo Honwana publicou sua obra: Nós matamos o cão tinhoso no ano de 1964, o conto “As mãos dos pretos” compõe a coletânea dos sete contos contidos na obra referida. Nesse sentido, o objetivo desse estudo é analisar a figura da criança presente no conto, a qual possui inquietações e encontra-se disposta a solucionar suas indagações, para isso, o menino busca diversas versões, iniciando pelo professor e terminando com a própria mãe, nessa trajetória traçada pelo garoto, inúmeros discursos são transmitidos, versões que retratam o racismo, a religião, o processo de colonização sofrido pelos negros, bem como, encontra amorosidade da mãe ao criar um elo entre o sofrimento e a igualdade referentes às cores brancas das mãos. Assim, a criança contém perguntas impactantes que constituem a história de seus antepassados e sua própria história, sem perder o encanto pelas descobertas e pela sua infância, fato verificável no ato de jogar bola, descrito no fim do conto. Nessa perspectiva, esse estudo justifica-se pela necessidade de refletirmos sobre a criança, o racismo incluído no conto e os impactos causados pela colonização, proporcionando o sofrimento dos negros. Assim, faremos uma análise do discurso que permeia no conto, juntamente com uma revisão de literatura pautada em estudos que auxiliem na análise a cerca do que propomos, como: Mata (2014), Cardoso (2013), Du Bois (1999), Fanon (2008), Laranjeira (2000).