LEMOS, Saulo De Araújo. Colapso, invenção e imprevisto em carlito azevedo. Anais ABRALIC Internacional... Campina Grande: Realize Editora, 2013. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/4569>. Acesso em: 25/11/2024 00:32
No primeiro livro de poemas de Carlito Azevedo (1961), Collapsus linguae (1991), o colapso (ruína, falência) da língua é o surgimento (divergência, movimento) de uma poesia. Colapso inventado, mas que, a partir (ou aquém de) um ponto indefinido (lacuna, ponto de articulação e fissura), transforma-se/desdobra-se em acontecimento imprevisto. E inversamente. A fala que aqui se propõe percorrer o colapso nessa poesia (fala que de certa forma deturpa o texto, resolutamente, ao construir um olhar como inscrição e colapso) terá três traços como pontos de articulação-comparação, em torno da obra de estreia poética de Carlito: a) alguns personagens; b) tu na poesia; e c) o pensar com o dizer. O texto diz a si mesmo, a rigor, tanto quando ostensivamente fala de si, como quando fala “do mundo”. O pensamento-poesia sobre a linguagem é levado ao colapso pela imagem “mimética” e vice-versa. O colapso arquitetado como desencadeamento e o colapso como acidente, que também desencadeia poesia, desalojam-se mutuamente e se encadeiam, chocam-se e criam um espaço-tempo (implodindo o tempo e fundando com seus estilhaços um espaço, tempo possível, um agora e sua contínua insuficiência).