A atuação do enfermeiro na saúde mental tem sido fator decisivo para a promoção da cidadania desses usuários e para o fortalecimento de uma atenção à saúde desinstitucionalizada, respeitando o paciente na condição de sujeito detentor de valores, crenças, princípios e direitos. Como resposta a uma estrutura hospitalocêntrica, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs) surgiram para propor uma atenção à saúde mental que respeitasse e promovesse o vínculo do paciente com a família e comunidade, usando isso como agente para melhor saúde dos indivíduos. Objetivou-se com este estudo identificar as competências mais importantes para atuação de enfermagem na saúde mental. Trata-se de um estudo descritivo, transversal de natureza quantitativa realizado com 33 enfermeiros atuantes em 14 Centros de Atenção Psicossocial de Fortaleza-CE no período de setembro a dezembro de 2016. A realização do estudo seguiu os preceitos éticos para pesquisas com seres humanos, tendo obtido parecer favorável sob número 1.498.082. Quanto aos resultados, 96,9% dos participantes indicaram “Ter postura ética e Inteligência emocional” como competência importante ao enfermeiro de saúde mental, seguida de “Saber lidar com a doença do paciente” (93,9%), “Respeito à cultura e às crenças do paciente” (90,9%), “Orientação sobre o uso de psicofármacos” (90,9%), “Desenvolvimento de relação enfermeiro-paciente eficaz” (87,9%), Criatividade, incentivo e empreendedorismo” (81,8%), “Coordenação ou participação de grupo terapêutico” (81,8%), “Controle e garantia da qualidade dos cuidados de saúde ao paciente” (81,8%), “Realização de visita domiciliar” (78,8%), “Desenvolvimento de liderança, objetividade e clareza” (72,7%), “Coerência, imparcialidade e flexibilidade” (69,7%), “Estímulo ao conhecimento da equipe sob sua supervisão” (69,7%), “Conhecimento da missão e da filosofia institucional” (57,6%), “Planejamento de recursos humanos e materiais” (42,4%), “Habilidade na execução de técnicas de enfermagem” (27,3%) e “Outras”(6%). Os dados expõem a importância dada por profissionais já atuantes na área acerca da necessidade de se trabalhar bem questões referentes ao sofrimento vivenciado diariamente nesses locais. Muitas das vezes há um estímulo maior à quantidade de consultas realizadas do que realmente ao relacionamento terapêutico criado naquele momento, o que pode prejudicar a efetividade do tratamento. Faz-se necessário compreender o usuário em todos os aspectos que remetem a sua existência e a sua humanidade, realizando um cuidado pautado em respeito e holismo, não se preocupando apenas com questões biológicas, mas atentando para uma saúde biopsicossocioespiritual e cultural a ser estimulada e promovida nas consultas. Conclui-se que a inteligência emocional deve ser uma característica básica a ser trabalhada pelos enfermeiros de saúde mental de modo a manter não só a qualidade da assistência prestada, mas à saúde do próprio profissional. Outros aspectos que devem ser prioridade na atenção à saúde mental dizem respeito ao conhecimento acerca dos fármacos e patologias comuns à área, o que possibilita uma melhora da qualidade das orientações que esses profissionais fazem em suas consultas.