LIMA, Felipe Tavares. Macrofungos medicinais do semiárido brasileiro. Anais CONADIS... Campina Grande: Realize Editora, 2018. Disponível em: <https://mail.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/50744>. Acesso em: 25/11/2024 00:44
Assim como as plantas, os fungos produzem uma imensa gama de metabólitos secundários bioativos que podem ser de grande auxilio na melhoria da qualidade de vida das pessoas, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade econômica e social e dividem o ambiente em que vivem com esses fungos. No entanto, os esforços para o conhecimento desses organismos, especialmente no Brasil, ainda são tímidos. Estima-se a existência de um total de 140.000 espécies de macrofungos no planeta, das quais apenas 10% eram conhecidas pela comunidade científica em 2005. Das espécies desconhecidas, espera-se que pelo menos 7.000 apresentem propriedades benéficas à humanidade. Apesar da falta de informação formal disponível adquirida a partir das populações tradicionais brasileiras sobre a utilização dos fungos que ocorrem no semiárido, principalmente acerca das propriedades medicinais dos fungos endêmicos, é possível aprender sobre essas informações através de conhecimentos provindos de diversas partes do globo, visto que muitos tem ampla distribuição, sendo considerados cosmopolitas. O objetivo do presente trabalho foi listar as espécies macrofungicas de interesse medicinal que ocorrem naturalmente no semiárido brasileiro, afim de aferir a potencialidade da região neste aspecto e de subsidiar futuros aprofundamentos no uso sustentável do recurso. Para tal, diversas publicações foram consultadas incluindo-se livros, artigos, dissertações de mestrado e teses de doutorado, e uma lista com fungos apontados como medicinais no mundo foi elaborada. Foi então verificada a ocorrência das espécies no semiárido do Brasil, das espécies listadas, através de buscas na plataforma INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos, que reúne o acervo de 203 coleções de fungos, plantas e algas em território nacional, com informação de onde foram coletados. As nomenclaturas citadas foram ajustadas às vigentes de acordo com o banco de dados Index Fungorum. Ao fim, 56 espécies foram listadas junto às suas áreas de ocorrência, grupo taxonômico, número de espécimes coletados e propriedades medicinais observadas. Cinquenta e quatro pertencem ao filo Basidiomycota e duas ao filo Ascomycota. Dentre os Basidiomycota, 20 pertencem à ordem Agaricales, 19 à Polyporales, quatro à Hymenochaetales, quatro à Boletales, três à Geasterales, três à Auriculariales e uma à Phallales. Dentre os Ascomycota, uma pertence à Xylariales e uma à Lecanorales. Algumas das aplicações associadas às espécies foram: cicatrizante, anti-microbiana, anti-viral, anti-carcinogênica, imunoestimulante, diurética e anti-tumoral. A diversidade encontrada é superior à descrita para todo o Brasil na publicação mais acessada do mundo sobre do tema, demonstrando o minúsculo conhecimento acerca da diversidade do semiárido, e confirmando a existência seu potencial medicinal, em se tratando dos macrofungos. Pesquisas individuais e aprofundadas para cada um dos listados devem ser realizadas, confirmando ou não seu potencial medicinal através de extração e quantificação de princípios ativos e ensaios clínicos, visto que a produção de metabólitos secundários é influenciada pelas condições ambientais as quais o organismo está inserido.