No Brasil, desde o final da década de 1930, tem-se concluído diversos estudos de longa duração que se concentram na inteligência e no desenvolvimento da personalidade na idade adulta e na velhice. Mas foi a partir da aprovação do Estatuto do Idoso que houve um aumento das ações educativas voltadas para pessoas idosas. Nesse contexto, temos observado a preocupação – materializada em projetos de pesquisas e/ou de extensão universitária – voltada para a adequação de currículos, de metodologias, de materiais didáticos e de outros serviços dedicados a essa parcela da população. Nossa investigação ocorre na confluência de duas temáticas: a formação inicial de professores de matemática e o ensino de matemática para idosos. A pesquisa, de abordagem qualitativa, tem um duplo objetivo: levar os licenciandos em Matemática a construírem saberes importantes para o exercício da docência e gerar material educativo capaz de contribuir para a saúde mental dos idosos, oferecendo-lhes atividades cognitivas que mobilizem o raciocínio lógico-matemático. Nesse recorte da pesquisa, optando pelo estudo de caso, buscamos responder a questão: quais têm sido as reflexões de uma licencianda em matemática frente aos relatos de pessoas idosas pouco escolarizadas acerca de suas experiências sobre a matemática? O referencial teórico está vinculado à estudos sobre a constituição da identidade docente e à filosofia da diferença, segundo a concepção deleuziana. Os dados documentais foram extraídos dos relatórios de atividades de uma das licenciandas que atuaram na produção de material didático para idosos e que realizou entrevistas com eles. Os documentos foram observados por meio de análise de conteúdo. Concluímos que o contato com os idosos foi capaz de levar a licencianda a conhecer mais a história da educação escolar brasileira, a refletir sobre o papel do erro no ensino-aprendizagem de matemática e a construir conhecimentos voltados para um ensino inclusivo da disciplina.