Neste trabalho, analisamos, à luz dos Novos Estudos de Letramento, as práticas de leitura e escrita como sendo experiências sociais intrínsecas à realidade dos graduandos. As pesquisas acerca da temática apontam para a busca das raízes da apropriação das práticas letradas. Sendo assim, a pesquisa realizada teve como objetivo investigar a história/trajetória de leitura e escrita vivenciada pelos graduandos do curso de Licenciatura em Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), abarcando os períodos desde a infância até a adolescência. Para tanto, consideramos o contexto familiar, escolar, relações de amizade etc., em que estiveram imersos, e o sentido atribuído a essas práticas. A narrativa oral foi fundamental para a reelaboração das trajetórias dos discentes. A técnica utilizada para coleta de dados foi a entrevista semiestruturada. Os dados coletados na pesquisa foram analisados qualitativamente e revelaram trajetórias de práticas de leitura e escrita bastante distintas, assim como o sentido atribuído a essas práticas, que se mostraram marcadas pela influência de fatores motivacionais, afetivos, e, principalmente, pelos aspectos relacionados às condições socioeconômicas em que os graduandos estiveram inseridos durante a trajetória escolar. A escola, principal agência de letramento, que também marcou significativamente as práticas de leitura e escrita dos graduandos, e os estímulos proporcionados por parte da família, amigos etc., parecem ter sido decisivos para revelar níveis de letramento distintos entre eles.