Investigam-se alguns processos de processos de cognição social implicados nas interações entre duas crianças pré-escolares com o manejo de um jogo digital especialmente criado para explorar comportamentos de cooperação e resolução de problemas. As crianças têm idades inferiores a seis anos, ambas do sexo masculino, uma delas diagnosticada com autismo e a outra apresentando um desenvolvimento típico. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. O jogo digital foi especialmente criado focalizando situações de resolução de problemas demandando cooperação entre os pares usuários do instrumento. O plano de elaboração do jogo adotou uma referência técnica de livre acesso (ferramenta Construct) e ampla literatura científica sobre cognição social circunscrita à primeira infância. A aplicação do jogo e coleta de dados deu-se em uma sala de atividades de uma pré-escola da rede pública do sertão pernambucano. A análise dos dados tomou a perspectiva microgenética recortando as significações das ações e diálogos entre os sujeitos implicados. A investigação de processos de cognição social determina que focalizemos o modo como os sujeitos processam informações emocionais e sociais nos campos da interação social. Verbalizações das duas crianças indicavam que compreendiam a funcionalidade dos objetos digitais, embora ao executar os comandos apresentassem prejuízos dada a imaturidade motora; seus desempenhos podem ter sido ainda afetados pela natureza do equipamento utilizado (notebook e teclado estreitos). A criança com autismo apresentou comportamento com maior grau de ansiedade ao ter que operar com controle inibitório para permitir a ação do seu parceiro, por vezes dominando a manipulação do teclado para executar a ação por seu parceiro. Verificou-se que o desempenho dos sujeitos não diferiu significativamente em termos de competência para o manejo do jogo, compreendendo o que propunha seus desafios e o que demandava o contexto interacional em termos cognitivos.