Envolver todas e todos nos processos educativos, que vislumbre as relações étnicoraciais, para ampliar os horizontes de compreensão e promovendo o letramento racial crítico, enquanto desdobramentos didáticos da aula de Língua Portuguesa da Educação Básica, implica considerar a resistência e a escrevivência no contexto de sua experiência/vivência sócio-histórica e econômico-cultural. A diversidade cultural e relações raciais, na crise que enfrenta, tanto na dimensão social quanto do tornar-se negro e da (re)existência, tem se mantido presente das minorias populacionais e minorias educacionais com dificuldades para alcançar a todos e a formação da consciência negra, mesmo no atual estágio de debate da Lei nº 10.639/03. Este relato de experiência se insere na perspectiva de que a agenda da políticas raciais seja demarcada pela luta por equidade, inclusão e defesa dos ideias do feminismo negro, focalizando a sala de aula de língua materna como um dos espaços, por excelência, da vivência do respeito, do empoderamento negro e da justiça social. Para isso, traremos uma proposta de trabalho didático desenvolvida em turmas de 9º ano do Ensino Fundamental numa escola pública municipal em Serra Talhada - PE com a obra “Água Funda” da autora brasileira Ruth Guimarães. Assumimos para essa prática pedagógica o ensino de literatura como (re)existências (AMORIM; SILVA, 2022) através do posicionamento do “outro” na perspectiva decolonial (WALSH, 2019), já que ao pensarmos a leitura para além do mundo (PETIT, 2019) nos constituindo como agentes sócio-culturais por meio dos direitos humanos, da teoria crítica da raça, da educação como prática libertária e transgressora (CÂNDIDO, 2011; DELGADO; STEFANCIC, 2021; HOOKS, 2017; FREIRE, 2021). Assim, um campo fértil para despertar e ampliar as reflexões das relações étnico-raciais, bem como uma fresta à transformação do estudante frente ao protagonismo afro-brasileiro.