Neste ensaio visual, proponho pensar o que significa narrar visualmente quando se percebe que o principal resultado da sua produção artística é a falha e o fracasso? Reconhecendo-me na estética queer foi possível compreender que no ato de fracassar há potências latentes que ampliam horizontes, mesmo que esse movimento soe como paradoxal. Reconhecer-se um artista queer significou acolher a possibilidade de trabalhar com o fracasso em vez de ir contra ele, não temendo habitar a “escuridão”, mas fazer dela morada estética e poética, ou seja, o “fracasso pode ser estilo”. O ensaio visual que proponho vai procurar mostrar, a partir dos registros da organização e mapeamento dos meus arquivos de falhas, como é possível fracassar bem, melhor e com frequência sem abrir mão do aprendizado e da potência mobilizadora. E, sobretudo, provocar modos de romper com a empatia pelo vencedor, que segundo Walter Benjamin, somente “beneficia sempre os dominadores” (tese 7). A noção de arquivo, seu mapeamento, catalogação, construção e registro é fio de prumo do ensaio. É o ponto de partida, porém, não a linha final. Espero que ele se desdobre na noção de ato em que vamos registrar os meus arquivos de falhas transpostos e circunscritos em “atos performativos”. Para isso, saber que arquivos são esses, como se encontram e onde encontrá-los se torna um caminho a ser traçado e percorrido como importante etapa da narrativa visual proposta. Logo, estou entre a lembrança e o esquecimento; a presença e a ausência; a conservação e a destruição; o eco e o silêncio.