O avesso da pele (2021), o terceiro romance de Jeferson Tenório, ocupa um lugar que parece central no projeto literário do autor, uma vez que temos na obra um amadurecimento tanto dos temas quanto das técnicas narrativas mobilizadas pelo escritor. A partir de um narrador que oscila entre participante e testemunha, Tenório constitui um texto que pode ser lido como um libelo contra o processo de marginalização dos corpos dissidentes e se utiliza da cidade de Porto Alegre como cenário dos conflitos vividos por suas personagens – principalmente Henrique, Marta e Pedro –que se veem como exilados num território hostil. O romance se constitui partir da narração de Pedro sobre seu pai, Henrique, assassinado pela polícia. Cabe, então, analisar o romance a partir de algumas questões importantes: a) como se estabelece a noção de autoria no texto de Tenório? Quais os elementos que apontam para uma relativização da noção de morte autor, nos dizeres de Barthes (2004)? Uma de nossas hipóteses é a mobilização da noção de identidade (HALL, 2019) contribui para o retorno da noção de autoria literária e questiona alguns pressupostos advindos da Modernidade literária.