Atualmente, muito tem-se falado a respeito de diagnósticos psiquiátricos para justificar problemas de aprendizagem e de comportamento. O diagnóstico de TDAH é um dos principais na sociedade contemporânea. A análise da literatura a respeito do TDAH aponta dificuldades para o diagnóstico e tratamento. O presente estudo busca orientar-se pela perspectiva teórica histórico-cultural, para a qual os possíveis transtornos de aprendizagem e/ou de desenvolvimento, como o TDAH, não são compreendidos como fenômenos naturais, individuais e orgânicos. Assim, este estudo tem como objetivo geral analisar como os pais contribuíram para a aprendizagem de crianças diagnosticadas com TDAH, durante a pandemia de COVID-19, à luz da teoria de Vigotski. Participaram da pesquisa quatro casais parentais cujos filhos são alunos da rede privada, nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Entrevistas narrativas semiestruturadas foram realizadas e os dados construídos foram analisados com base na Análise de Conteúdo de Bardin. Os dados foram organizados em duas categorias intituladas “vivências escolares” e “contribuições dos pais para a aprendizagem”. A primeira categoria foi organizada em três subcategorias: antes da pandemia; no período de aulas remotas e retorno ao presencial. A segunda categoria foi organizada em duas subcategorias: quando os pais contribuem; quando os pais encontram dificuldades. Os resultados apontam que os pais perceberam com maior clareza as dificuldades escolares dos filhos. Essas dificuldades parecem ter aumentado no período das aulas remotas e apontam para um possível prejuízo à escolarização. Ressaltam também a aproximação com a escola, ampliando a interação e mediação, fundamentais para o desenvolvimento infantil. Compreender o TDAH, apoiada na referida teoria, permite um entendimento de que o desenvolvimento e a aprendizagem se estruturam na qualidade das interações, mediações e formação da atenção voluntária, uma das grandes contribuições da teoria histórico-cultural frente a esse diagnóstico.