A propagação do coronavírus no Brasil demandou ações de natureza emergencial em diversos setores da sociedade, sendo um deles a Educação Básica. Diante da exigência do isolamento social, redes de ensino e instituições escolares em todo o país se viram impelidas a elaborar e operacionalizar modelos de ensino remoto emergencial (ERE), por meio dos quais as práticas escolares passaram a ocorrer de maneira virtual e a distância, mediadas por tecnologias e plataformas diversas. Neste trabalho pretendemos apresentar uma análise do modelo de ensino remoto emergencial implementado pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Objetiva-se discutir, especificamente, a forma com que a plataforma operacionalizada por esta rede - qual seja, o Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP) - mobilizou recursos tecnológicos e audiovisuais para a produção de videoaulas que se tornaram referências centrais do processo de ensino e aprendizagem durante a pandemia. Tal discussão fornecerá subsídios para uma caracterização específica deste modelo, amplamente utilizado pelos estudantes e professores do Estado de São Paulo, mesmo no período pós-pandêmico. A Teoria Crítica da Sociedade será tomada como referencial de tal discussão, por meio do qual o exercício crítico e interpretativo das videoaulas nos dá pistas acerca da forma com que estas reproduzem um tipo de configuração didática que altera a forma de comunicação, a mobilização de recursos utilizados e a temporalidade típicas de uma sala de aula. Conclui-se que, neste sentido, o modelo de ensino remoto emergencial operado nesta rede altera os sentidos daquilo que se compreende por formação escolar.