O presente texto objetivou apresentar uma leitura psicanalítica sobre a atual medicalização da educação. Para isso, realizamos uma revisão de literatura em Psicanálise, utilizando as bases de dados: Scielo e o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/ Ministério da Educação (CAPES/MEC) e as combinações de descritores: “Medicalização AND Educação” e “Medicalização AND Psicanálise”. Ancorados na perspectiva da Psicanálise Lacaniana, procuramos dar visibilidade às engrenagens discursivas que sustentam a atual medicalização da educação, a saber: a biopolítica, os discursos universitário e capitalista, especialmente em sua vertente neoliberal e a vacilação do nome-do-pai na cultura. Observamos a presença de uma política de cumplicidade entre a psicopatologia e a medicalização (HENRIQUES, 2015), que reflete o mal-estar na cultura, o furor sanandi e o impossível de educar teorizados por Freud (1912/2010) e também a falha epistemo-somática no saber da medicina sobre o corpo, proposta por Lacan (1966/2001), pois as nomeações nosográficas atuam como semblantes, diante da impossibilidade de recobrir o vazio do real que não cessa de não se inscrever do ato educativo. Logo, a presença destas engrenagens discursivas contribuíram para que as escolas se tornassem um locus em que a psicopatologia contemporânea, por meio dos manuais diagnósticos, tem se imposto com pretensões hegemônicas, sustentada em padronizações estatísticas normativas, corroborando para uma patologização da existência e medicalização da vida. Diante disso, a Psicanálise Lacaniana, ao favorecer a emergência da singularidade do sujeito do inconsciente, promove um furo na consistência discursiva organicista do discurso da medicalização, questionando certezas alçadas ao valor de verdade e aposta na implicação do sujeito para com suas escolhas.