A criminalização da pobreza no Brasil está vinculada a uma herança de 388 anos de escravização, e esta, por sua vez, foi e ainda é a espinha dorsal da sustentação do capitalismo na sociedade brasileira. Portanto, os processos de criminalização da pobreza dizem respeito à constituição tanto histórica quanto social de sistemas normativos. Em vista disso, a escola, no atual contexto, é um dos maiores meios de socialização, bem como possui práticas cristalizadas e imposições normativas. Dessa forma, o presente trabalho busca analisar os discursos e comportamentos de uma escola pública, localizada no interior do Rio Grande do Norte, que contribuem para a criminalização dos alunos pertencentes à classes desfavorecidas e, para além disso, como a psicologia pode atuar no contexto escolar a fim de romper com estereótipos e preconceitos. Assim, este estudo é oriundo de um relato de experiência de caráter qualitativo, feito a partir de observações participantes. Sendo assim, constatou-se discursos e atitudes no ambiente escolar que estereotipam os alunos, que estavam ligados à sua classe, raça e ao bairro que residiam e, por conseguinte, contribuem para a sua exclusão e para o sentimento de não pertencimento à escola. Dessa maneira, a presença da psicologia no campo escolar é indispensável, uma vez que pode se tornar aliada tanto dos discentes quantos dos docentes para a construção de um lugar seguro para todos. Diante disso, é válido para a psicóloga acolher as demandas desses sujeitos, mas também fazer provocações sobre o modo de funcionamento da instituição e sobre a conduta exercida em sala de aula, com a finalidade de tentar tornar esses sujeitos críticos e livres. Portanto, nunca foi tão importante o cumprimento da Lei 13.935/2019 que trata sobre a obrigatoriedade da profissional da psicologia nas instituições escolares, dado que é tão urgente as demandas que provêm desses ambientes.