Este trabalho se caracteriza como recorte do trabalho de conclusão de curso de realização e orientação dos respectivos autores, no âmbito do curso de licenciatura em letras português/inglês do IFCE – campus Tianguá. Discute a perspectiva de que a criação literária se desenvolve em um campo de escolhas em que o escritor se utiliza da realidade social de modo a recriá-la, seja a partir da reprodução de comportamentos aceitáveis e/ou marginalização de sujeitos em virtude de estigmas. Nesse sentido, o texto literário permite observarmos as visões coletivas que são disseminadas acerca de membros de determinados grupos. É nesta direção que o presente trabalho tem como propósito analisar a representação da personagem Amaro com ênfase nas situações e caracterizações conferidas ao negro que sugerem práticas de racismo, bem como a percepção do sentido atribuído à negritude por meio da perspectiva adotada pelo narrador. Como referencial teórico utilizamos as considerações de Munanga (1988), Santos (1997), Kilomba (2019) e Almeida (2021) que proporcionam discussões relacionadas à negritude e ao racismo. Em paralelo a isso, recorremos a Bento (2022) que tece uma visão relacionada ao pacto narcísico da branquitude e seu efeito indireto na construção da identidade racial de pessoas negras, assim como trabalhamos com as contribuições de Fanon (1952) que sugerem o bom comportamento do negro como espelho de uma aparência branca. Do ponto de vista metodológico, este estudo se constitui como uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa que se fundamenta em trabalhos que possibilitam compreender a representação literária do negro no romance de Caminha. Em suma, é possível observarmos que em razão de Amaro ser um homem negro, o narrador constrói uma personagem carregada de visões estereotipadas que apontam por meio das características do Naturalismo brasileiro a ideia que sua raça é a principal responsável por sua degeneração.