A Lei de cotas raciais resulta de um conjunto de lutas e embates no combate e enfrentamento de uma sociedade racista. Ao estabelecer a cotas para estudantes negros, as instituições vêm enfrentando uma árdua jornada de críticas por um lado e de parabenizações por outro. No IFCE, para minimizar e garantir maior fidedignidade ao uso das cotas raciais, estabeleceu-se no primeiro semestre de 2020 as comissões locais de heteroidentificação. Dentre as várias críticas perpetradas às cotas raciais estão os argumentos de que os estudantes que ingressam por meio de cotas raciais apresentam baixo desenvolvimento e menor nível e condições acadêmicas de acompanhamento da formação. Assim, o presente trabalho se propõe analisar e desmistificar a ideia equivocada de que os estudantes que ingressaram no ensino superior por meio das políticas de cotas teriam um baixo rendimento em comparação aos alunos da ampla concorrência, tendo como parâmetro os estudantes do curso de Licenciatura em Geografia cotistas (2020-2023) do IFCE, campus de Quixadá. Para sua realização recorremos a revisão bibliográfica, levantamento de dados junto à Coordenação de Controle Acadêmico (CCA) e Comissão Local de Heteroidentificação (CLH) do campus, análise do histórico acadêmico dos estudantes selecionados e realização de entrevistas. Analisando as condições de acesso, a taxa de aproveitamento, permanência, evasão e o êxito destes alunos no decorrer do curso verificamos que, ao contrário das críticas, os estudantes cotistas do curso de Geografia têm apresentado condições adequadas de acompanhamento e aproveitamento da formação. Verificou-se ainda que alguns desses alunos tornaram-se bolsistas da instituição e ainda realizam pesquisas e projetos de extensão comprovando assim, que ao chegarem no ensino superior, os estudantes estabelecem, na maioria dos casos, condições de igualdade no seu processo de desenvolvimento.