A partir do documentário Estou Me Guardando para Quando o Carnaval chegar (2019) observamos uma aparente cisão entre o discurso de valorização do trabalho autônomo e a realidade do trabalho informal. Um contexto insalubre de trabalho com jornadas intensas, sem garantia de direitos trabalhistas e de caráter repetitivo, são questões retratadas no cotidiano dos trabalhadores informais de Toritama em Pernambuco. Nesse sentido, foi realizada uma pesquisa teórico-bibliográfica com o intuito de entender como a Psicologia Histórico-Cultural e os escritos freireanos explicam as relações entre o discurso dos trabalhadores e a hipervalorização do trabalho informal. Através da literatura freireana enunciamos que a educação bancária atrelada à ideia de imutabilidade das leis sociais deslegitima o discurso dos trabalhadores. Com base na Psicologia Histórico-Cultural explicitamos que o discurso de hipervaorização do trabalho informal está de acordo com o modelo capitalista. Além disso, evidenciou-se o caráter individual, culpabilizador e meritocrata que gera esvaziamento político, precarização e competição entre os trabalhadores. Dessa forma, o presente artigo reconhece que a classe trabalhadora não é dona de seu tempo, pois esta, ou vende sua força de trabalho em horas, ou explora a si mesma durante o tempo que produz valor de forma autônoma. Concluímos assinalando que a educação pode ser um caminho de desenvolvimento de seres políticos com uma visão histórica e crítica, capazes de formular meios emancipatórios que possibilitem à classe trabalhadora superar o modelo econômico vigente.