Os discursos patriarcalistas solidificam a construção de padrões hegemônicos que alimentam o distanciamento entre os lugares ocupados pela mulher em relação ao homem na sociedade, unificando o seu papel enquanto esposa, mãe e mulher. Ladeado a isso, estão as situações de opressão e a subalternização da figura feminina. Este trabalho visa, assim, analisar a condição da mulher moçambicana frente à presentificação dos padrões patriarcais embutidos na sociedade de Moçambique e, para tanto, recorre à Literatura como instrumento de representação e abertura de espaço para o vozeamento da mulher negra, capaz de enunciar e denunciar relações hierárquicas e assimétricas. Nesse sentido, objetiva-se compreender a busca das personagens mulheres no romance Niketche: uma história de poligamia, de Paulina Chiziane, pela desconstrução de padrões patriarcais embutidos na sociedade, bem como a luta em prol da voz ativa, através da denúncia e reivindicação de seus direitos e da própria condição como mulher na sociedade. Assim, por meio de uma abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico-exploratório, as discussões são apoiadas nos pressupostos de Evaristo (2007), Cunha (2010), Beauvoir (1967), além da própria Chiziane (1994, 2004 e 2021). Através da análise, constatamos que a vocalização feminina é basilar para a conquista de espaços na sociedade; além disso, esse eixo temático de estudos em obras de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa contribui para reflexões acerca do lugar de fala da mulher negra moçambicana, com vistas ao combate do padrão submisso e à cultura de inferiorização socialmente instaurada.